Na tarde da última segunda-feira (27), o Ministério Público da Bahia (MPBA) realizou uma audiência para debater medidas de proteção às religiões de matriz africana no contexto das polêmicas em torno da artista baiana Cláudia Leitte, acusada de praticar um suposto racismo religioso ao mudar a letra de uma de suas músicas, trocando “Iemanjá” por “Yeshua” (leia mais aqui). Na audiência, apenas duas representantes da sociedade civil falaram em nome da liberdade religiosa de maneira juridicamente técnica; uma delas foi a ANAJURE, representada pelo advogado Iannick Sucupira Curvelo, que defendeu a cantora.
Em seu posicionamento, a ANAJURE argumentou em prol do direito da artista poder adequar seu repertório musical às convicções religiosas a que adere, sem que isso configure racismo ou qualquer violência contra religiões de matriz africana.
Os demais participantes da audiência, filiados a universidades, movimentos culturais e religiosos — especialmente de natureza ecumênica —, predominantemente, adotaram um tom de protesto em suas exposições ao terem direito de fala; boa parte, inclusive, hostilizou a manifestação dos dois pronunciamentos divergentes, impossibilitando o diálogo no auditório através de gritos, cantos e palavras de ordem.
A ANAJURE lamenta a parcialidade evidente do debate e segue trabalhando para que vozes plurais sejam ouvidas de forma equilibrada e respeitosa em situações como essa. Ademais, a organização continuará a trabalhar de maneira técnica no caso que desencadeou a audiência, posicionando-se pela liberdade religiosa da cantora Cláudia Leitte.