EGITO – Diretora tem promoção no trabalho negada por ser cristã e reclama de discriminação

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Mervat Sefein, uma professora vocacional em Beni Mazar, uma cidade de Minya, a 220km do sul de Cairo, foi incluída em 8 de fevereiro numa promoção diretiva do Ministério da Educação, mas não pôde assumir sua nova posição devido a “protestos de estudantes” por motivos religiosos. Outros candidatos mencionados na diretiva tomaram seus novos postos escolares sênior nos nove centros regionais da província de Minya, com exceção de Sefein.

Desde 2011, a professora copta tem trabalhado como vice-diretora na Escola Vocacional de Garotos em Beni Mazar. Mas sob a nova diretiva, ela deveria se mudar para um posto mais alto na escola de garotas da cidade.

Quando se espalhou a notícia de que a professora cristã seria diretora, as garotas saíram para protestar, exigindo que seu atual diretor muçulmano permanecesse na posição. A polícia foi chamada em meio a gritos de “Não queremos professora cristã”, afirmaram fontes de notícias cristãs, sugerindo que as garotas foram instigadas a isso por “pessoas com interesse pessoal em manter a situação da forma que é”, disse o site de notícia copta Watani. Através de uma concessão negociada pelas autoridades educacionais, ela deveria ser, ao invés, promovida na sua atual escola de garotos. Mas então o mesmo cenário se repetiu, dessa vez pelos garotos.

O Ministério da Educação negou que isso tenha algo a ver com “sectarismo”. “Outros cristãos foram promovidos. Funcionários, estudantes e pais eram quase unanimemente contrários a Mervat tomar o posto. Algumas das mais proeminentes vozes da oposição vieram de professores cristãos na escola” disse o Subsecretário do Ministério da Educação de Moe Minya, Ramadan Abdulhamid. “Para começar, se houvesse qualquer intenção de exclusão por ela ser cristã, seu nome não teria surgido na diretiva”, acrescentou Abdulhamid, sugerindo que havia inúmeras reclamações contra ela relativas a uma restrição que ela fez como diretora da escola das garotas em 2010.

“Aquele tempo ainda deixou alguns amargos até hoje” disse ele no talk show egípcio das 10 da noite transmitido pela rede principal “Dream TV”. Mas Sefein discorda fortemente “Eu tinha sido vetada tanto pelas forças de segurança quanto pelo Ministério da Educação antes de que a decisão de me promover fosse tomada. Nenhum motivo foi encontrado na época para tornar-me inelegível ao cargo”. “Agora que as garotas (e depois os garotos) protestaram – eles nem me conhecem! Mas um show estava sendo montado mesmo antes de eu vir tomar o cargo. Alguém deve tê-los dito alguma coisa” disse em ambas as redes Dream TV e Watani. A última sugeriu que o predecessor de Sefein, objetivando mantê-lo como diretor, poderia estar por trás disso.

O site World Watch Monitor não conseguiu ter certeza se os slogans usados pelos estudantes durante o protesto eram abertamente anti-cristãos, como afirmado por algumas mídias egípcias. Contudo, inúmeros casos sugerem que o preconceito por motivos religiosos continua a ser rampante no país.

Preconceito?

Em abril de 2011, milhares protestaram e se amotinaram em Qina (580km ao sul do Cairo), forçando as autoridades a rescindir sua decisão anterior de designar o governador cristão (Emad Mikhail) para a província. Dentre os protestos circulados no Youtube no momento, foram mostrados slogans tais como, “somente um muçulmano poderia nos governar” e “nenhum Deus a não ser Allah!”, “Mikhail inimigo de Allah!”. Coptas reclamam de discriminação rotineira contra eles no governo e em outros setores.

Em escolas egípcias, todos os estudantes são forçados a aprender passagens do Alcorão de cor como parte de aulas árabes, mas cristãos afirmam que perdem ponto injustamente durante os exames porque seus papéis de teste “os entregam” por não mencionar a “bismallah” – a frase costumaria islâmica, “no nome de allah” – no topo de suas folhas de respostas.

No verão passado, uma controvérsia alargou-se em torno de uma estudante cristã nota 10. Mariam Malak recebeu nota zero em todas as matérias nos seus exames de admissão da universidade. Mariam insistiu que seus testes foram adulterados. O caso ainda não foi resolvido, e ela segue dependendo de decisões do tribunal administrativo, enquanto corre o risco de perder mais tempo antes que possa continuar seu estudo superior.

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Fonte: World Watch Monitor
Tradução: Camilly Regueira l ANAJURE

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