Empreendedores cristãos veem esperança, apesar da Síria completar cinco anos em guerra

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De uma população estimada em 17 milhões na Síria, 11 milhões de pessoas saíram do país ou foram deslocados internamente por causa da guerra civil que "oficialmente" entra no seu quinto ano na data de ontem, 15 de março. Isto ocorreu quando os protestos começaram em Deraa e rapidamente desembocaram em uma guerra civil. Cerca de 4,5 milhões deixaram a Síria, mas para muitos outros ainda existe esperança, há novos começos com novas oportunidades – tanto nos negócios, bem como em viver uma nova fé.

Alguns empreendedores sírios estão em igrejas que criam oportunidades de trabalho para aqueles que permanecerem no país devastado pela guerra. E outros – os líderes da Igreja – estão se adaptando ao crescente interesse no cristianismo de ex-mulçumanos na Síria e no Líbano, onde os novos vizinhos ex-crentes muçulmanos podem frequentar suas igrejas.

Nomes reais e locais exatos não podem ser divulgados por razões de segurança.

A abertura de uma fábrica é geralmente um sinal de confiança renovada na economia; na Síria é uma necessidade, impulsionada por uma busca de reverter à destruição causada por cinco anos de guerra civil.

Trinta pessoas de uma das cidades sírias que sofreu uma terrível destruição durante a guerra são novos empregados em uma fábrica de móveis que abriu em Fevereiro. Com o salário, eles desejam ajudar suas famílias que deixaram suas cidades como tantos outros, temendo por suas vidas.

A ideia da fábrica veio de um padre ortodoxo local. Após a elaboração de um plano de negócios convincente, ele encontrou um parceiro privado e agora suas perspectivas de negócio têm boas possibilidades – a fábrica tem até encomendas internacionais em seus registros.

Em agosto do ano passado uma farmácia foi aberta – um novo negócio vital em outra cidade sitiada na Síria. Mais uma vez apoiado por fundos da igreja, que fornece medicamentos com desconto para idosos e vulneráveis.

Um grande desafio para as pessoas na Síria é a falta de abastecimento de água, pois ela é regularmente cortada ao longo dos últimos dois anos. A água em alguns poços não é segura para beber; sanitaristas acham que isso pode está por trás de um surto de infecções e alergias de pele.

Um grupo da igreja decidiu criar um novo poço. A aprovação da autoridade local os ajudou a superar alguns dos desafios. "Temos a aprovação para cavar muito mais fundo do que os habituais 100 metros. Nós escolhemos esta profundidade porque os poços de 100 metros podem secar durante o ano, e os poços mais profundos podem garantir um fornecimento contínuo de água”, disse um representante da igreja.

O poço levou seis semanas para ser cavado.

"Chegamos à profundidade necessária em janeiro. Depois disso, a empresa instalou a bomba e os filtros para criar o armazenamento de água”, acrescentou.

O poço deverá produzir 10.000 litros de água por dia, para atender 500 famílias, cada uma tendo permissão para levar 20 litros de água por dia.


Ex-muçulmanos que agora são cristãos superam o número de frequentadores antigos da igreja:

Antes da guerra civil da Síria era raro encontrar um muçulmano convertido ao cristianismo, todavia, depois de cinco anos, você pode encontrar muitos ex-muçulmanos em igrejas na Síria e no vizinho Líbano, para onde muitos sírios fugiram.

Um líder da igreja no sul da Síria acha que a guerra tem desempenhado um papel: “[os muçulmanos] estão abertos a ouvir a Bíblia após as atrocidades que vimos em nome da religião”.

"Alguns vêm porque eles descobriram que o que foram ensinados sobre o cristianismo estava errado. Eles foram criados para acreditar que a Bíblia é corrupta”.

Estar longe da família e dos amigos também permitiu que alguns conhecessem o cristianismo. "Eles agora estão deslocados e seus familiares mais próximos não podem ver onde eles estão indo nem o que eles estão fazendo".

Os líderes da Igreja tentam superar alguns dos desafios com os ex-muçulmanos, usando a linguagem do Islã.

"Damos aulas especiais para responder às suas perguntas, comparando o cristianismo ao islã", diz um.

“Nós dizemos a respeito da fé que é o mesmo prato, mas com um molho diferente”. “Usamos alguns dos seus termos, mas nunca comprometemos a verdade”, diz um pastor do Líbano.

Outro acrescenta: "No meu ensinamento eu foco sobre as ideias que levem a partir de sua antiga religião”.

O crescimento de ex-muçulmanos nas igrejas tem seus desafios, como a suspeita por parte dos membros antigos da igreja. "Estamos cautelosos sobre sua sinceridade. Estes novos crentes costumavam nos perseguir. Recebemos reclamações de alguns dos membros mais antigos das igrejas cristãs”.

Alguns membros da igreja suspeitam de seus motivos.

"São estas pessoas verdadeiramente crentes, ou estão aqui para espiar, ou porque estamos dando as mãos? No meu caso eu os discípulo um-a-um; primeiro por causa de problemas de confiança", disse um pastor do sul da Síria. "Os novos crentes têm medo de que outras pessoas saibam sobre eles porque é realmente uma coisa escandalosa em sua comunidade se as pessoas descobrirem que eles são cristãos". Um pastor em Damasco é cauteloso porque as autoridades não gostam quando muçulmanos se convertem ao cristianismo. "Fazemos o nosso ministério com cuidado, mantendo longe de publicidade e de mídia social. Não diga a ninguém sobre o trabalho".

Todos os pastores dizem que suas igrejas têm treinamento de discipulado especial para esses novos crentes. Um diz: "Nós os discipulamos e isso muda a sua visão do mundo. Nós os encorajamos a ficar firme, apesar da perseguição e os problemas que podem enfrentar no futuro”.

Refugiados voltando-se para o Cristianismo no Líbano criaram uma demanda para mais edifícios da igreja:

"Nós agora temos reunião em mais de 20 igrejas e também nas casas das pessoas. E acredito que ainda vai crescer muito mais. Mais de 100 famílias estão esperando por nós para encontrá-los em uma casa da igreja”, disse um pastor.

Muitos que estão ajudando nas igrejas são eles próprios: refugiados e ex-muçulmanos. "Eu diria que 70 por cento da nossa equipe ajudando os refugiados são próprios refugiados que vieram para Cristo", diz um pastor libanês sobre sua congregação. "Então, eles estão servindo agora seu próprio povo. Estamos tentando prepará-los para serem líderes no futuro quando voltarem para casa.”

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Fonte: World Watch  Monitor
Tradução: Rafael Durand l ANAJURE

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