IRAQUE – Pela primeira vez em 1.600 anos não há missa em Mossul, diz arcebispo caldeu

BANDEIRA DO IRAQUE

O arcebispo Bashar Warda, da Igreja Católica Caldeia de Erbil no norte do Iraque governado pelo Curdistão, disse que pela primeira vez em 1.600 anos não houve missa em Mossul, no dia 15 de junho. Esta é a cidade tomada dias atrás pelas forças ISIS.

Relatos dizem que os cerca de 3 mil ou mais cristãos (de cerca de 35 mil em 2003) fugiram antes da tomada de controle pelas milícias, embora algumas famílias tenham retornado. Eles citaram a falta de perspectivas de emprego e abrigo uma vez que se tornaram deslocados internos ou refugiados no Curdistão iraquiano.

Entre aqueles que deixavam Mossul, o World Watch Monitor encontrou famílias se abrigando em um distrito predominantemente Cristão de Erbil, Ankawa.

A cidade de Qaraqosh, em grande parte cristã, fica 32 km ao sudeste de Mossul. Seu nome oficial árabe é Baghdeda, e havia cerca de 70 mil cristãos vivendo na área.

No dia 25 de junho, forças curdas Peshmerga se envolveram com o ISIS – também chamados de Daash – que estavam tentando entrar em Qaraqosh. O WWM viu mensagens diretas confirmando que houve bombardeio em Qaraqosh, durante o qual duas famílias cristãs foram mortas. Os moradores acreditam que foi ISIS que realizou o bombardeio.

No entanto, o Primeiro-Ministro iraquiano Nuri Al Maliki confirmou que aviões do governo sírio bombardearam o ISIS em outras partes do norte do Iraque.

Relatos de moradores dizem que o Peshmerga curdo iraquiano, ao lutar com moradores cristãos locais, foram capazes de repelir o ISIS de Qaraqosh, especialmente depois que reforços das tropas Peshmerga chegaram. Moradores dizem que depois disso, cerca de dez horas da noite, a situação na cidade se tornou mais calma, enquanto algumas agências de notícias dizem que Qaraqosh agora está completamente abandonada.

Residentes de Qaraqosh inicialmente começaram a fugir para as igrejas de outra cidade vizinha cristã, Karamles. No entanto, milhares de carros com pessoas de Qaraqosh e Karamles foram vistos esperando no posto de controle curdo para entrar em Erbil, um porto seguro para o norte através da "fronteira" para o Curdistão. Outras famílias se dirigiram para Dohuk, cerca de uma hora de carro diretamente ao norte de Mossul.

Cerca de 40 famílias cristãs alcançaram o distrito Erbil de Ankawa onde eles acharam abrigo temporário em um centro para idosos.

Eles deram relatos de foguetes caindo perto das casas de Qaraqosh, uma de um homem cristão, Rammo; com janelas de vidro quebrando, e pessoas sendo feridas.

Os cristãos locais foram rápidos em ajudar os recém-chegados: “As necessidades imediatas são óbvias: água e comida”, disse um deles. “Alguns estão dormindo em um pedaço de papelão, então colchões e travesseiros são necessários também. Com temperaturas atingindo 45 graus durante o dia, precisamos de refrigeradores de ar, especialmente para as famílias com crianças pequenas ou idosos”.


Imposição de ‘imposto jizya’ para minoria cristã de Mossul

Enquanto isso, um membro da Alta Comissão do Iraque de Direitos Humanos, Dr. Sallama Al Khafaji, disse a um site de notícias árabe, Al Sumaria, que no sábado, 21 de junho, ISIS começou a exigir um imposto (jizya) dos cristãos em Mossul. Em um costume arraigado dos tempos medievais sob a rígida lei islâmica, os cristãos eram obrigados a pagar o dinheiro de proteção e não eram autorizados a expressar publicamente sua fé.

O Dr. Al Khafaji disse que, em um caso, membros do ISIS entraram na casa de uma família assíria para exigir o imposto. Ele relata que quando a família assíria disse que não tinha o dinheiro, três membros do ISIS estupraram a mãe e a filha na frente do marido e pai, que ficou tão traumatizado que cometeu suicídio.

“Os cristãos têm me dito que não podem pagar esse imposto”, disse o Dr. Al-Khafaji, “e eles dizem 'o que devo fazer, devo me matar?’"

Enquanto isso, líderes iraquianos de igrejas, incluindo os da capital Bagdá – centenas de quilômetros ao sul, se reuniram em Erbil para discutir um ‘plano de resgate’, em meio a crescentes temores de que os ataques islâmicos do ISIS coloquem o Cristianismo em maior risco de ser extinto do país.

O bispo auxiliar caldeu de Baghad Saad Sirop, que havia arriscado viajar para o norte em Erbil para reunião, disse que a crise só poderia ser resolvida por reconciliação entre os muçulmanos sunitas e xiitas. Ele repetiu as chamadas para a comunidade internacional para pressionar por negociação entre os vários líderes islâmicos. Ele acrescentou que ação militar seria improdutiva. “Intervenção militar não resolveu nada na Síria, nem aqui no Iraque, então não devemos pensar que isso vai funcionar dessa vez".

O bispo Saad acrescentou: “Pedimos a Deus para nos dar sabedoria para enfrentar esses problemas com coragem. Não há dúvidas de que estamos passando por dias difíceis”.

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FONTE: World Watch Monitor
TRADUÇÃO: Isabela Emerick l ANAJURE

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