Nota de Repúdio

Nota de repúdio à retirada do Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA)

A ANAJURE repudia a saída do Brasil da IHRA (Aliança Internacional para a Memória do Holocausto) em 18/07/2025. A entidade afirma que a medida é um retrocesso inédito que fragiliza a defesa dos direitos humanos, não se justifica por tensões diplomáticas com Israel e ignora o aumento do antissemitismo. Conclama o governo a reconsiderar a decisão.

7/29/20252 min read

A Associação Nacional de Juristas Evangélicos – ANAJURE vem a público expressar seu repúdio à decisão do governo brasileiro, de 18 de julho de 2025, de retirar o Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA).

A IHRA, da qual o Brasil era membro observador desde 2021, é o único fórum intergovernamental focado na memória do Holocausto e no combate ao antissemitismo, reunindo mais de 40 países. O repúdio à Shoah é um pilar fundamental da ordem internacional de Direitos Humanos pós-guerra. Abandonar este fórum é ignorar as fundações do compromisso global com a dignidade humana, do qual o Brasil se afirma como promotor e protagonista.

A ANAJURE entende que tensões diplomáticas com o Estado de Israel não justificam a medida. Conforme aponta o comissário da OEA para o Combate ao Antissemitismo, a crise em Gaza “nada têm a ver com o trabalho de extrema relevância da IHRA”. Com a saída, o Brasil torna-se o primeiro país a se retirar da IHRA, um retrocesso inédito que contraria sua tradição diplomática de defesa dos direitos humanos e fragiliza sua autoridade moral no cenário internacional.

A medida atinge especialmente a dignidade da comunidade judaica brasileira, a quem manifestamos solidariedade. Como alerta a CONIB, a decisão ocorre “em meio ao aumento vertiginoso dos casos de antissemitismo”. Ao retirar-se, o Brasil nega esta premente realidade e envia uma perigosa mensagem de leniência com o combate ao antissemitismo.

Diante do exposto, a ANAJURE conclama o governo brasileiro a reconsiderar sua posição, honrando a memória das vítimas do Holocausto e o compromisso brasileiro com os direitos humanos. A participação em fóruns como a IHRA não é uma questão de alinhamento político, mas de responsabilidade com a promoção da dignidade humana como projeto civilizacional.

Brasília-DF, 29 de julho de 2025.

Edna V. Zilli

Presidente ANAJURE

Matheus Carvalho

Diretor Executivo ANAJURE