Número de Mártires Cristãos continua causando discussões l Estimativas variam entre 1.200 e 100.000 por ano

lahore mall road pr kriscin kmunti ay arkaan sanha psawar ky klaaf ahtjaj kar rhy hian photo hmmad sunyNoventa e seis cristãos morreram nos ataques duplos no All Saints Church, em Peshawar.

 

Em maio, um porta-voz do Vaticano disse ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas que cerca de 100.000 Cristãos são martirizados a cada ano. Este número vem do Centro de Estudo do Cristianismo Global (CECG) do Seminário Teológico Gordon-Conwelem Massachusetts, reconhecido como "o lar dos principais estudiososdo mundo em demografia Cristã", de acordo com Judd Birdsall, antigo membro do Gabinete do Departamento de Estado dos EUA de Liberdade Religiosa Internacional, e atualmente estudante de PhD na Universidade de Cambridge.

Enquanto os pesquisadores do CECG estimam que cerca de um milhão de Cristãos foram mortos nos primeiros 10 anos do século 21, levando a uma média de cerca de 100 mil por ano, Birdsall disse que “achou essa figura enigmática”. Enquanto ele disse que admira o trabalho “rigoroso e interessante” do CECG, e os relatórios anuais de seus colegas para o Departamento de Estado continham "as contas de dezenas, às vezes centenas, de mártires. Algumas organizações Cristãs colocam o número tão alto quanto 1000. Por que a diferença?".

Uma dessas organizações é a Open Doors International, que trabalha em mais de 25 países para ajudar Cristãos que enfrentam diversos níveis de “perseguição” – de extremo assédio e discriminação até tortura e morte.

Frans Veerman, diretor do World WatchList (WWL ) -relatório anual da Portas Abertas dos 50 países mais perigosos para se ser um Cristão – disse no WWL 2012 que poderia confirmar apenas 1.200 Cristãos realmente mortos por causa de sua fé: "1.200 como a contagem muito, muito mínima". Ele disse que a contagem deve ser maior do que isso, mas que a organização só poderia comentar sobre as mortes que poderiam ser verificadas. No entanto, esse total ainda significa uma média de mais de 100 mortes por mês. Dos 1.200, 791 foram de Cristãos na Nigéria, a maioria nas mãos de BokoHaram, como World Watch Monitor informou em março.

Em 2013, com o crescimento do movimento Islâmico, na Síria e República Centro-Africana, por exemplo, a taxa desse ano aumentou. Além disso, o último número de mortes, que resultou das bombas gêmeas de AllSaints, Peshawar, é de 96 – em um ataque de um dia. 

O Diretor de Pesquisa e Estratégia da Portas Abertas Internacional, Ron Boyd McMillan acrescentou: “Todos os anos,  desde que iniciamos a WWL em 1991, o número de Cristãos mortos por sua fé estava nos 100 ou 1000, nunca nos 100.000”.

Verman diz que, além desses Cristãos cujas mortes podem ser verificadas, há duas mais categorias a considerar. A primeira é a de Cristãos que são mortos devido ao aumento da vulnerabilidade, tais como aqueles em áreas de conflito. 

“No conflito e na guerra, é como uma dupla vulnerabilidade – em situações em que os Cristãos não têm sido respeitados, ou tem sido discriminados durante muitos anos, um conflito pode torná-los mais vulneráveis, no sentido que eles atraem atenção negativa extra dos militares, de grupos sociais militantes, etc.”, diz ele. Eles também são os mais fáceis de atacar porque normalmente não são protegidos – a impunidade já existe antes do conflito.  Exemplos são o Sudão e o povo Nuba, com muitos Cristãos e suas comunidades sendo facilmente presos; também com os Cristãos na Síria, como quis mostrar a Portas Abertas com a Avaliação da Vulnerabilidade dos Cristãos da Síria.

Thomas Schirrmacher, da Sociedade Internacional dos Direitos Humanos estima uma taxa entre 7.000 e 8.000 mártires Cristãos por ano, e Veerman pensa que, quando se adiciona este primeiro grupo extra de vítimas para os 1.200 casos verificáveis, esses dados poderiam estar corretos.

No entanto, Veerman inclui também um segundo grupo que também pode ser considerado como mártires: os Cristãos que morrem devido à discriminação de longo prazo, através da privação das necessidades básicas, como água limpa e cuidados médicos. Eles experimentam a vulnerabilidade em longo prazo, em países onde eles são tratados como uma "minoria". Diz Veerman: "A Definição de ‘perseguição’ para a Portas Abertas é qualquer hostilidade experimentada como resultado da identificação com Cristo. Isso pode incluir atitudes hostis, palavras e ações contra os Cristãos… Os Cristãos nem sempre são diretamente mortos, mas são apertados com as regulações e vulnerabilidades que eles simplesmente perecem – e não de uma só vez, mas no decorrer dos anos. Por isso, alguns não os contam como mártires, porque não é uma questão de matá-los diretamente. Mas se fossem contá-los como mártires, seria um enorme número de pessoas". Porém, o número preciso de Cristãos que morrem devido a esses fatores é impossível de quantificar.

Há enorme disparidade dos números fornecidos pela Portas Abertas e outros, e os do CECG podem ser explicados pela decisão de incluir também Cristãos mortos em conflitos.

O CECG observa que cerca de 900.000 Cristãos morreram na República Democrática do Congo (definido como um país "Cristão"), na primeira década do século 21, e isso compreende 90% do número total de Cristãos mortos nesse período. CECG disse que a sua definição "ampla" de martírio permitiu que eles fossem incluídos na contagem. (Sua ampla definição de "mártires" é "crentes em Cristo que perderam suas vidas prematuramente, em situações de testemunha, como resultado da hostilidade humana").

No entanto, Ian Linden, da Fundação de Fé Tony Blair e professor de religião na Escola de Estudos Orientais e Africanos de Londres disse que as mortes de Cristãos no Congo foram consequências de um Estado falido, não martírio, como relata a BBC. (Linden foi diretor do Instituto Católico de Relações Internacionais).

Judd Birdsall concorda: "[os Cristãos] são muitas vezes apanhados em conflitos desencadeados por uma complexa teia de fatores étnicos, econômicos, políticos, ideológicos e outros. Destacar o fator religioso – e ainda por cima identificar mártires religiosos – é incrivelmente complicado. Isso não quer dizer que a religião não é um grande fator de motivação e mobilização em muitos conflitos".

Porém, há outra área de atividade para além da guerra em que Cristãos podem morrer por sua fé.

Como Birdsall admite: "A definição [do CECG] vai muito além de mortes no contexto da proclamação pública da crença em Jesus. Ela está interessada no ‘estilo de vida inteira’ do crente assassinado. Mesmo que um assassino não tenha como alvo os Cristãos por causa de sua fé, os Cristãos são "contados como mártires, na medida em que suas ações em tais situações são um testemunho de sua fé".

"A definição ampla do Centro e seus grandes números nos forçam a reconsiderar nossas definições padrão de martírio. Um mártir não é apenas um santo solitário atacado por leões no Coliseu ou um reformador queimado na fogueira. As ‘Situações de testemunha’ variam muito e podem parecer mundanas. Muitos mártires são pessoas comuns com coragem e compromisso extraordinários". Esta definição também se aplica nos casos em que os Cristãos, que vivem os princípios de sua fé, desafiam a criminalidade, corrupção e interesses instalados, como os cartéis de drogas ou o tráfico, e em seguida, pagam com a vida pela postura que tomam. Novamente, é impossível sempre verificar tais casos.

John Allen, autor do livro “A Guerra Global contra os Cristãos”, cuja publicação no mês passado parece ter reacendido o debate, acredita que a numeração exata é, em última análise, o menos importante. "Eu acho que seria bom ter dados confiáveis sobre este assunto, mas eu não acho que, em última análise, isso importa em termos do objetivo de meu livro, que é o de romper a narrativa que tende a dominar a discussão no Ocidente – que os Cristãos não podem ser perseguidos, por pertencerem a Igreja mais poderosa do mundo", disse ele. "A verdade é que dois terços dos 2,3 bilhões de Cristãos que vivem no mundo de hoje vivem em bairros perigosos. Eles frequentemente são pobres. Muitas vezes pertencem a minorias étnicas, linguísticas e culturais. E estão frequentemente correndo riscos. E, finalmente, acredito que frisar esse aspecto é mais importante do que ser preciso sobre o número de mortos".

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FONTE: WORLD WATCH MONITOR
TRADUÇÃO: FELIPE AUGUSTO

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