“A igreja deve ser a voz ativa contra a corrupção”, diz o Teólogo Jorge Noda.

Jorge Noda site

Chamada para ser exemplo de fé e santidade em um mundo entregue às práticas corruptas, a igreja tem sido alvo de escândalos. São muitas as notícias que figuram nos jornais, envolvendo por vezes pastores e representantes eclesiásticos, que, ao não observarem a vontade e direção de Deus, passam a envolver-se em intrincados esquemas de benefícios pessoais. O objetivo com isso é tão somente a manutenção de uma posição privilegiada ou mesmo a obtenção de maiores lucros, muitas vezes para benefício e uso pessoal.

Estes atos escusos e pecaminosos tem provocado descrédito da igreja diante da sociedade. Segundo o pastor e teólogo Jorge Noda, entrevistado pela ANAJURE, Deus espera e deseja que sua igreja lute até o fim contra qualquer tipo de injustiça ou desonestidade, sem se conformar com ela.

Ao analisar o assunto ‘Corrupção e igreja’, o teólogo expõe observações sobre o posicionamento da igreja diante de tantos atos de injustiça. Ele detalha qual o posicionamento que a igreja enquanto instituição religiosa deve ter para não se conformar com este século, e o que é necessário para que ela se oponha com mais eficiência ao pecado da corrupção pessoal e institucional.

Em combate à corrupção num sentido geral, inclusive no meio eclesiástico, a ANAJURE está representado no Brasil a campanha mundial EXPOSED, que visa lançar um foco de luz em toda forma de corrupção. O culto de lançamento do projeto em terras brasileiras será em Campina Grande-PB no próximo dia 15, e terá como preletor o Pr. Jorge Noda – que é conferencista, escritor, professor, coach, conselheiro e consultor ministerial. Ele também é também bacharel em teologia, e estudou no Reformed Theological Seminary em Jackson, MS, Mississippi. O teólogo graduou-se pelo Instituto Haggai em Maui, Hawaii, EUA, e é também docente do mesmo instituto. Diretor do Instituto de Liderança Estratégica, ele tem se dedicado ao aperfeiçoamento de líderes em organizações cristãs.

 

Confira a entrevista:

 

ANAJURE: A Bíblia menciona a corrupção, condenando-a. A visão bíblica sobre o assunto pode ser transposta para a realidade vista em nossos dias? O problema se agravou em comparação aos tempos bíblicos? 

Jorge Noda: As ações corruptas não se agravaram além do que a Bíblia menciona. A revelação que há na Bíblia enfatiza a realidade do pecado em nível pessoal, econômico e social, mostrando que há a necessidade de integridade em todos os setores da vida. No livro de Provérbios, por exemplo, a Palavra ensina a temer a Deus, buscar a justiça e a ética no meio profissional. A Palavra de Deus é realista quanto ao pecado!

A: Em sua opinião, o que representa uma campanha contra a corrupção como a EXPOSED para a sociedade?

JN: Qualquer campanha chamando a sociedade para agir contra os atos de corrupção é valida. É interessante que um grupo de cristãos se levantem para denunciar esses atos, e a Exposed faz esse chamado de forma global. Isso tanto vai expor a igreja por lutar pela integridade, quanto ao restante das pessoas, que também, irão assumir o compromisso de não aceitar qualquer forma de desonestidade.

A: Qual o papel da igreja diante dessa situação de corrupção tão latente em nosso País?

JN: Hoje há um declínio da fé, onde muitos deixaram os princípios cristãos para aceitarem as novas formas de proceder. A corrupção hoje é vista como algo natural, mas, na verdade, segue contra os princípios de Deus. Isso ocorre não só no Brasil, mas em todo o mundo. A igreja também tem aceitado essa corrupção, de forma que na própria igreja encontramos sérios problemas relacionados a isso.

A: O sr. poderia citar alguns casos de corrupção envolvendo a igreja?

JN: Sim. Um caso comum é o de alguns tesoureiros de igrejas pequenas, que utilizam o dinheiro das ofertas para fins pessoais. Outro exemplo é o de grandes organizações cristãs que se aliam ao poder público para ter benefícios políticos. Esse tipo de aliança com o meio político se torna mais frequente em época de eleições, onde igrejas se aliam ao meio para conseguir votos para determinado candidato em troca de algum benefício. Quando um representante cristão ora a Deus agradecendo pela propina que recebeu, isso é um caso extremo de corrupção. É achar que ele agora tem um forte aliado nas ações corruptas e que Deus está ao lado dele apoiando esse erro. Esse, para mim é um caso extremo.

A: Como o sr. avalia a atuação da Bancada Evangélica contra os atos de corrupção no Congresso Nacional?

JN: A igreja se tornou uma das poucas instituições que poderia exercer uma voz, clamando contra esse tipo de jogo de corrupção. Agora, quando a bancada evangélica se opôs ao kit gay, o posicionamento dela não foi feito de forma correta, de acordo com a Palavra. Pelo que foi noticiado, eles utilizaram um meio constrangedor para justificar o posicionamento. Acredito também que infelizmente nossos representantes cristãos não estão tão bem preparados como em épocas passadas, onde havia maior discipulado e submissão aos líderes. No século XVII, os políticos estavam debaixo da autoridade da igreja, o que não acontece na realidade brasileira de hoje. É necessário avaliar o motivo de estarem ali. O que estão fazendo lá? Se for para defender assuntos particulares de uma denominação, ou em função de favores de cargos, significa uma incompreensão do que Deus deseja para eles, como discípulos. Eles devem estar engajados na comunidade evangélica, de forma que as pessoas possam acompanhar o seu trabalho. É melhor não fazer política, do que fazer política com corrupção, pois é possível alcançar mais objetivos fazendo a obra pelo reino de Deus. Eu espero que os que nos representam representem também o reino de Deus.

A: O que é necessário para que a igreja esteja na posição correta contra a corrupção?

JN: Os cristãos devem ser comprometidos com a integridade, devem rever seu comportamento diariamente. Os empresários devem lidar com integridade em suas transações comerciais, assim como os profissionais liberais, entre outros, porém essa atitude deve começar pela casa de Deus. Os líderes devem rever o conteúdo de suas pregações. Devem voltar a pregação do evangelho e do novo nascimento, mas também devem vivê-lo. Dessa forma com certeza serão ouvidos e farão a diferença. Infelizmente boa parte dos pregadores dos nossos dias prega conteúdo humanista, materialista e secularizado.

A: Como perseverar na luta contra a corrupção, considerando que nos últimos dias, existe a tendência de que ela se torne recorrente e mesmo frequente?

JN: Em tempos antigos já se falava em pecado. Mas, em Deus, podemos ter expectativas quanto a atuação da igreja, pois nos últimos dias, com o avivamento, a influência da igreja será mais forte. Temos que trabalhar crendo e não baixar as armas. Jesus deseja que sua igreja lute até o fim contra o pecado.

A: Deixe um recado para a nossa igreja:

JN: O recado que eu posso deixar para a igreja é o que Jesus falou para a comunidade de Éfeso. “Tenho contra ti que deixaste o primeiro amor”. É isso que precisamos. Voltar às primeiras obras. Amar mais a Palavra e vivê-la de todo o coração e não aceitar um evangelho secularizado. Para que a igreja possa estar na posição certa, deve ter uma liderança significativa e preparada, além de ensinos mais claros, sempre de acordo com a Palavra.

 

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Por: ANAJURE – International Press Office l Angélica Brito

 

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