‪#‎PostDaSemana sobre os Refugiados l Acolhimento aos Refugiados e o Proselitismo Religioso – Por Dr. Jonas Moreno

ANAJURE RefugeesPalavra do Diretor Para Assuntos de Refugiados e Ajuda Humanitária da ANAJURE, Dr. Jonas Moreno:

Temer as consequências da prática do amor através do acolhimento dos Refugiados é não ter entendido o gesto de amor de Cristo pelo homem: incondicional, inexplicável, “escândalo para os judeus e loucura para os gregos”.

A Igreja não pode fechar os olhos a uma crise mundial onde uma infinidade de pessoas, de diversas nações, por motivos distintos estão sendo tratadas de forma desumana, sem misericórdia, sem amor e muitas vezes meramente como parte de uma estatística.

O Deus do Cristianismo amou o homem apesar de saber das suas falhas, limitações, e muitas vezes do perigo que representava em virtude de suas práticas abomináveis, diversas e humanamente imprevisíveis.

O amor ao próximo está acima de ideais, crenças, preconceitos, pois “o verdadeiro amor lança fora todo o temor”. A Igreja cristã não tem nada a perder quando serve a um Deus soberano que nunca se omite na história da humanidade.

O surgimento do Estado Islâmico e o crescimento do terrorismo têm levado alguns grupos a pensarem na concessão de refúgio de uma forma seletiva, onde alguns defendem que países europeus têm o direito de não acolhê-los, bem como alguns cristãos temem que o acolhimento de refugiados de outras religiões, principalmente os muçulmanos, por razões diversas. 

A Igreja cristã tem uma grande oportunidade para demonstrar na prática o seu discurso, acolhendo aqueles que não têm pátria, não tem destino e qualquer esperança de mudança. Falamos que são bem-aventurados os perseguidos, mas de igual forma também são os que agirem com misericórdia: “Bem-aventurados os misericordiosos, pois obterão misericórdia (Mateus 5:7)”.

É especial a citação desta bem-aventurança por Jesus, pois não especifica a que grupo de pessoas estaria se referindo e a quem os seus discípulos deveriam agir com misericórdia.

Segundo John Stott, Jesus “Não indica se está pensando principalmente naqueles que foram derrotados pela desgraça, como o viajante que ia de Jerusalém a Jericó e foi assaltado e a quem o bom samaritano “demonstrou misericórdia”; ou se pensa nos famintos, nos doentes e nos rejeitados pela sociedade, dos quais ele mesmo costumava apiedar-se; ou ainda naqueles que nos fazem mal, de modo que a justiça clama por castigo, mas a misericórdia concede perdão.  Nosso Deus é um Deus misericordioso e dá provas de misericórdia continuamente; os cidadãos do seu reino também devem demonstrar misericórdia.”

O acolhimento aos Refugiados não deve nascer do proselitismo religioso e sim dos princípios divinos, insculpidos em nosso coração.

David Crabb, no texto “Edificando a Sua Igreja em uma Crise de Refugiados” traz uma perspectiva de como um cristão deveria pensar acerca da crise de refugiados. Confira:

 

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Edificando a Sua Igreja em uma Crise de Refugiados 

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À medida em que ela estava olhando a seção infantil da nossa biblioteca local na última semana, minha esposa, Stephanie, se encontrou com uma mulher do Norte da África chamada Fátima. Fátima tem uma personalidade sociável, então elas rapidamente deram início a uma conversa enquanto as nossas duas filhas liam livros com o filho de Fátima, Mohammed.

Quando Fátima era uma garota, o seu país enfrentou uma brutal guerra civil que perdurou por aproximadamente duas décadas e custou a vida de meio milhão de pessoas. Como resultado, a sua família fugiu de casa e do país e vieram para os Estados Unidos. Fátima é uma refugiada.

Para uma pessoa comum na biblioteca naquela manhã, Stephanie e Fátima não poderiam parecer mais diferentes. Elas tinham educações diferentes, falavam línguas diferentes e se vestiam e agiam de forma diferente. Stephanie é uma cristã evangélica. Fátima é uma muçulmana sunita.

Ainda assim, porque elas compartilham uma humanidade em comum, elas são razoavelmente similares. Elas riem ao falarem sobre a criação dos filhos, gravidez adiadas e histórias sobre partos, e compartilham dicas sobre os parques locais e restaurantes favoritos delas. Ao fim da conversa, Fátima compartilhou que ela era sozinha a maior parte dos dias. Stephanie a convidou para um almoço e trocou contatos com ela.

E então, por causa de uma guerra sangrenta e sem sentido, uma muçulmana de uma vila remota do Norte da África viu a si mesma fazendo amizade com uma cristã. Por cada conta, a vida dela parece uma tragédia. Ela é certamente uma vítima de um grande mal. Mas o que é igualmente claro, para aqueles com olhos para ver, é que Deus tem tornado isso algo bom.

10,000 Refugiados

Em 10 de Setembro, o presidente Obama anunciou que ele havia decidido aumentar o número de refugiados sírios admitidos nos Estados Unidos durante o próximo ano fiscal, para 10,000 – a mais do que os menos de 2,000 no último ano. Essa decisão foi em resposta aos mais de quatro milhões de refugiados que têm fugido de seus países durante o curso da Guerra Civil Síria (somados aos 6,5 milhões de deslocados internos na Síria). Apenas uma semana depois, o Secretário de Estado John Kerry anunciou que os Estados Unidos iriam aumentar significativamente o número total de refugiados aceitos a cada ano, a fim de o total seja pelo menos 100,000 em 2017.

Na onda dos ataques terroristas em Paris e em Beirut, a resposta dos Americanos – até mesmo entre os cristãos – têm sido tão forte quanto dividida. Enquanto muitos têm conclamado a América a seguir os seus nobres impulsos e responder com compaixão, coragem e amor ao acolher os refugiados, muitos outros (incluindo agora a maioria dos governadores do país) têm expressado a sua forte desaprovação em aceitar qualquer refugiado, citando significativas preocupações de segurança. Muitos estão perguntando: Qual será o processo de habilitação para os refugiados que virão? Podemos aceitar os refugiados cristãos, mas rejeitar os muçulmanos? Como nós conciliamos um desejo de demonstrar compaixão com a responsabilidade de manter o nosso país seguro?

 Em outras palavras, a questão chave parece ser essa: à luz dos ataques terroristas ao redor do mundo, trazer 10,000 refugiados do Oriente Médio é uma decisão segura?

10,000 Razões

Enquanto nós não deveríamos ignorar essas preocupações, eu reflito o que aconteceria se os cristãos se levantassem contra a cultura americana nessa questão, ao se perguntarem questões totalmente diferentes. E se, enquanto a América estiver fazendo perguntas sobre segurança e administração de riscos, os cristãos estiverem se perguntando: O que Deus está fazendo? E se, por meio do mal de uma guerra civil sem sentido, Deus estiver trazendo grupos de povos não alcançados para as nossas cidades? E se, por meio de uma grande tragédia, Deus estiver trazendo o triunfo do Evangelho?

A Síria tem mais de vinte milhões de muçulmanos em dezoito grupos de povos não alcançados, os missionários cristãos têm gastado anos orando, fazendo estratégias e arriscando tudo para ir até esses povos. Agora, Deus os está trazendo para cá. Depois de arrecadarmos milhares de dólares, realizarmos treinamento extensivo, deixar tudo o que é familiar e passar pelo difícil processo de aprender uma língua estranha – só então, um missionário poderia experimentar o romper de ter esse tipo de conversa que a Stephanie e a Fátima tiveram de forma casual na nossa biblioteca local em Minneapolis.

Você vê a enormidade da possibilidade aqui? Nós temos gasto anos planejando e orando para levarmos missionários a alguns dos lugares mais difíceis do mundo. Agora, quatro milhões de pessoas feridas e quebrantadas de pelo menos dezoito grupos de povos não alcançados estão vindo para o Ocidente. “Isso é seguro?” soa como uma questão que o governo deveria fazer. E devem fazer; um governo deve buscar proteger o seu povo. Mas os cristãos perguntam: “O que Deus está fazendo?”

Então, como cristãos, nós podemos não concordar acerca do que é melhor para a América fazer nessa situação. Mas, como cristãos, nós também reconhecemos que isso não é ultimamente tão importante quanto a oportunidade do evangelho representada na crise de refugiados.

Deus se importa com o sofrimento desses refugiados, e deveríamos fazer o mesmo. Essa é uma oportunidade para nós “praticarmos a justiça e retidão, e livrar das mãos do opressor aquele que tem sido roubado. E não causar mal ou violência ao estrangeiro, ao órfão e à viúva” (Jeremias 22.3). O coração do nosso Pai para com os refugiados é evidente ao longo da Escritura: “Que os fugitivos moabitas habitem contigo; sê para eles abrigo contra o destruidor (Isaías 16:4). Quando nós alimentamos o faminto, damos água ao sedento e roupas ao nu, nós o fazemos para com o Senhor (Mateus 25.34-40).

Embora Deus se importe com todo tipo de sofrimento, ele se importa mais particularmente com o sofrimento eterno, e deveríamos assim o fazer. Deus tem nos abençoado a fim de que o Seu “caminho possa ser conhecido na terra, [seu] poder salvador entre todas as nações” (Salmo 67.2). A crise de refugiados é uma oportunidade para as nações – até mesmo os sírios, muçulmanos sunitas oriundos de dezoito grupos de povos não alcançados – cantarem de alegria (Salmo 67.4).

Nos rostos desses refugiados, nós vemos 10,000 razões para essa tragédia. O homem pode fazê-la por mal, mas Deus o transforma em bem. Então, como um cristão deveria pensar acerca da crise de refugiados?

1.      Não reaja com temor, mas com coragem.

Sejamos ousados pela causa do avanço do reino de Jesus. Ao invés de pensarmos primeiramente em nossa própria segurança e conforto, nos perguntemos quais moveres do evangelho podem ser possíveis por meio de nossas vidas e igrejas se Deus assim permitir. Oremos e planejemos orar mais. Que façamos bons esforços evangélicos para receber os refugiados e ministrar a eles o evangelho da graça.

2.      Pense os pensamentos de Deus por Ele mesmo.

Uma das coisas que impedem os cristãos de testemunhar é mais simplesmente que a voz primária em nossas cabeças, influenciando os nossos pensamentos e determinando o nosso comportamento não é a Bíblia, mas a filosofia da mídia. Nós nos fechamos de modo que ouvimos vozes de uma estreita fatia do espectro político, e assim nós ouvimos essas vozes dia após dia e semana após semana, de modo que elas começam a moldar o nosso pensamento de formas profundas.

Como nós veríamos os muçulmanos se nós seguíssemos a palavra de Deus de modo a pensarmos os pensamentos dele sobre ele mesmo? Qual seria a nossa perspectiva acerca da crise de refugiados se a Bíblia, e não o nosso canal de notícias favorito, estivesse guiando os nossos pensamentos e direcionando o nosso comportamento?

3.      Ore para que Cristo edifique a Sua Igreja.

Os últimos cem anos têm presenciado um movimento de expansão do evangelho ao redor do Sul Global. O reino de Cristo está avançando apesar das fortes tentativas de pará-lo, pois o Espírito sopra aonde Ele quer (João 3.8). Então oremos – oremos para que o conhecimento do evangelho chegue a muitos dos grupos de povos não alcançados pela primeira vez como resultado dessa crise de refugiados. Oremos para que muitos muçulmanos venham a Cristo. Oremos para que a igreja na Europa e nos Estados Unidos seja reavivada à medida em que oramos, amamos e servimos.

Deus está edificando a Sua Igreja – por meio dessa crise de refugiados – e nem mesmo o inferno do Estado Islâmico prevalecerá contra ela.

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Por David Crabb l Desiring God
Disponível neste link. 
Tradução: Igor Sabino l Membro do Projeto ANAJURE Refugees

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