Arcebispo Iraquiano exorta Ocidente a "abrir os olhos" para o êxodo de cristãos do Oriente Médio

Líder dos Católicos Caldeus diz que Cristãos são “parte integrante do tecido nacional árabe”

Lee_StranahanO Arcebispo de Bagdá, Louis Raphael I Sako, apelou ao Ocidente para ajudar a pôr fim ao "êxodo mortal” dos cristãos no Oriente Médio.


Sako, que também é o patriarca da Babilônia, durante uma conferência em Roma, "Cristianismo e Liberdade: Perspectiva histórica e contemporânea", afirmou que o Ocidente deve ajudar os países muçulmanos do Oriente Médio a "modernizar a abordagem do Islã para a liberdade religiosa" e "convencer nações muçulmanas que sua repressão e perseguição a suas comunidades cristãs minoritárias não é apenas prejudicial aos cristãos, mas está prejudicando as próprias sociedades".

Sako, um dos principais oradores na conferência organizada pelo Projeto de Liberdade Religiosa da Universidade de Georgetown, o qual recebeu recentemente a Baronesa Warsido Reino Unido, disse que a situação no Iraque ao longo dos últimos 10 anos, tem ido de mal a pior, e que ele vê situações semelhantes se desenrolando no Egito e na Síria. "No Iraque, depois de 10 anos, nós ainda não temos segurança. Há ataques diários, explosões, sequestros e assassinatos. O mesmo cenário está acontecendo na Síria e no Egito". Ele também citou o Patriarca Católico Copta Ibrahim Isaac Sidrak, que disse que nos últimos 18 meses, mais de 100 igrejas egípcias foram atacadas. Na Síria, Sakodiz que 67 igrejas foram atacadas e 45 mil cristãos deixaram o país.

O arcebispo iraquiano apontou a ascensão política do islamismo como um dos principais opositores da Igreja no Oriente Médio. Ele disse que a invasão norte-americana do Iraque "destruiu o país", sendo substituído por um período de violência sectária.

Ele acrescentou que os governos parecem "geralmente incapazres" de controlar as batalhas sectárias entre sunitas e xiitas. "O sofrimento tornou-se uma luta diária para todos os iraquianos, mas especialmente para os cristãos. Os muçulmanos são sempre fortes o suficiente com suas tribos. Eles também têm a vantagem de viver em um país governado sob as ordens islâmicas. Mas os cristãos e outros grupos minoritários têm sofrido com a situação de segurança piorando.”

Desde 2003, Sako disse que mais de 1.000 cristãos foram mortos no Iraque (e outros sequestrados e torturados), enquanto 62 igrejas e mosteiros foram atacados. Ele acrescentou que menos da metade dos 1,2 milhões de cristãos do Iraque, em 1987, permanecem – "e os números continuam caindo". O Comitê das Nações Unidas para os Refugiados declarou recentemente que 850 mil cristãos iraquianos deixaram o Iraque, desde 2003. Sako disse que o Ocidente "não entende" as dificuldades e medo dos cristãos do Oriente Médio.

"O radicalismo religioso está crescendo e se tornando muito agressivo. A violência religiosa está aumentando em todo o Oriente Médio, rompendo comunidades e destruindo relações entre os povos de diferentes tradições religiosas. Essa violência está prejudicando a própria estrutura das sociedades do Oriente Médio. Extremistas islâmicos querem tirar proveito da situação atual (isto é, a anarquia em várias regiões), a fim de esvaziar a presença cristã no Oriente Médio, como se fosse um obstáculo para seus planos."

Ele apelou ao Ocidente para "abrir os olhos" para ver a realidade das situações que enfrentam os cristãos no Iraque, Síria e Egito.

O Arcebispo repercutiu a declaração do Papa Francisco de que ele "não aceitaria" um Oriente Médio sem cristãos. Sako disse que "fundamentalmente alteraria os contornos da cultura e da sociedade em países como o Iraque, Síria e Egito e seria um golpe grave para qualquer esperança de pluralismo e democracia. Os cristãos são parte integrante do tecido árabe nacional."

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Fonte: World Watch Monitor
Tradução: Tercyo Dutra

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