Ao menos duas pessoas foram mortas e mais de 90 feridas ontem durante um cerco à Catedral Copta de São Marcos em Abbasyia, Cairo, na sequência de um funeral de quatro homens Coptas.
Centenas de enlutados compareceram ao funeral de Morqos Kamel, de 25 anos, Victor Saad, de 35 anos, Mansour Attia, de 45 anos e Essam Tawadros, de 25 anos, que morreram baleados durante um ataque de rebeldes em 5 de abril, na Comunidade Cristã em Khorous, um subúrbio a 16km ao norte de Cairo, seguindo acusações infundadas de que Cristãos teriam pintado imagens ofensivas nas paredes de uma instituição Islâmica.
Os enlutados foram saraivados com pedras, bombas caseiras, e coquetéis Molotov, sendo forçados a procurar abrigo no subsolo da Catedral. Como as pedras e outros artefatos continuaram a ser lançados de telhados de construções circunvizinhas e por pessoas que tinham escalado as paredes da Catedral, jovens Coptas pegaram bastões e pedras para revidar.
Este vídeo do copta Juventude YouTube Channel mostra cenas dos ataques
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Quando a polícia finalmente chegou, lançou gás lacrimogêneo no interior da Catedral e não interveio, de forma que o ataque continuou por cinco horas. A violência também continuou em Khorous, com ataques à lojas de proprietários Cristãos.
Uma escalada de violência sectária que começou com a Revolta de 2011, tem continuado no mandato do Presidente Mohammed Morsi sem efetiva intervenção oficial. Membros da Comunidade Copta do Egito têm sido fisicamente atacados ou mortos; suas casas, negócios e edifícios das igrejas têm sido destruídos e muitos jovens, raptados. Os autores são raramente apreendidos, encorajando uma atmosfera de impunidade.
Em um comentário sobre a violência de Domingo, Sua Graça Bispo Angaelos, Bispo Geral da Igreja Ortodoxa Copta no Reino Unido, disse: “Hoje, o Egito viu um ataque sem precedentes à Sé do Papa de Alexandria, o Patriarca Ortodoxo Copta em Cairo, por rebeldes, com a polícia chegando muito tarde e fazendo muito pouco, se é que fez algo, para contê-los. Relatos indicam que o Presidente egípcio, o Sr. Mohammed Morsi, tem feito contatos telefônicos com o líder da Igreja Ortodoxa Copta, Sua Santidade Papa Tawadros II, Papa de Alexandria e Patriarca da Sé de São Marcos, dizendo que ‘a proteção das vidas de todos os Egípcios, Muçulmanos e Cristãos, é a responsabilidade do estado’. Fica claro que o estado precisa tomar esta responsabilidade mais seriamente”.
Mervyn Thomas, Chefe Executivo da Christian Solidarity Worldwide (CSW), disse: “Nós oferecemos nossas condolências às famílias que perderam seus entes queridos na violência de Abbasyia e Khorous. O significado de um ataque direto e orquestrado ao coração da Igreja Ortodoxa Copta não pode ser supervalorizado e é simbólico de uma falha oficial na proteção da comunidade Copta de maneira adequada e contínua. A aparente má vontade dos serviços de segurança em cumprir sua responsabilidade de proteger tanto a igreja quanto os enlutados é totalmente inaceitável. Isto é, ainda, um exemplo de cultura de impunidade que cerca os ataques sectários e envia a mensagem de que nem todos os cidadãos egípcios são iguais perante a lei. O progresso o Egito como um Estado Democrático será medido pela habilidade do governo em garantir segurança, igualdade e liberdades fundamentais a todos os seus cidadãos, e é tempo de destas palavras serem traduzidas em ações a respeito disto”.
FONTE: CSW
TRADUÇÃO: JORGE ALBERTO