Clérigos católicos são assaltados à mão armada na República Centro Africana

Arcebispo diz que os Cristãos continuam a pagar com as suas vidas, propriedades e dignidade.

Bandeiras dos Paises

Dois clérigos Católicos da República Centro Africana foram amarrados e assaltados por homens armados no final de setembro. O Missionário italiano Pe. Beniamino Gusmeroli e o Pe. Martial Mengue, um diácono Centro Africano, foram atacados por homens que acredita-se serem Sudaneses.

Com os quartos saqueados e itens valiosos foram roubados, o incidente ocorreu na missão de Nossa Senhora de Fátima Bouar, no noroeste do país. Gusmeroli, um missionário italiano da Valtellina, emitiu uma declaração ao World Watch Monitor descrevendo seu calvário de três horas.

Segundo a declaração, tudo começou cerca de 10 horas da noite, quando um grupo de homens em uniformes militares e carregando rifles Kalashnikov forçaram o guarda noturno da missão – cujas mãos estavam atadas atrás das costas – a mostrá-los o quarto do Pe. Mengue, onde eles levaram tudo o que puderam: dinheiro, computadores e outros itens valiosos, como o seu passaporte. O Pe. Gusmeroli também foi assaltado e teve seu quarto saqueado.

"Eu estava dormindo quando, por volta das 23 horas, ouvi uma batida na porta. Saí e encontrei-me com um Kalashnikov apontado para o meu nariz”, disse Gusmeroli na declaração. "Eu tentei manter o atirador calmo, mas ele começou a me ameaçar. As únicas palavras em francês que ele conhece são "l'argent" [dinheiro] e “Je vais vous tuer” [Eu vou te matar]. Depois de alguns chutes, fui obrigado a sentar-me na cadeira ao lado da cama, onde eles me tinham amarrado com fita adesiva em três pontos: boca, olhos e ouvidos".

Este tipo de ataque, tendo como alvo os clérigos da igreja é o segundo nos últimos dias. O CAN News informou que o Pe. Aurelio Gazzera, um italiano que trabalha em Bozoum, foi espancado por membros da Séléka, ao visitar uma base rebelde em 16 de setembro para pedir a libertação dos reféns.

Rebeldes Séléka tomaram o poder em março, e empreenderam inúmeros atos de violência contra civis por todo o país, frequentemente, embora não exclusivamente, visando Cristãos e suas igrejas, empresas e residências.

Bossangoa, 250 quilômetros ao norte da capital Bangui, foi palco de violentos confrontos entre rebeldes Séléka e grupos de vigilantes formados por civis exasperados por seus ataques. Oficialmente 100 pessoas foram mortas e mais de 30 mil têm procurado refúgio na diocese da cidade.
Em um discurso durante a missa em 29 de setembro, o arcebispo de Bangui, Monsenhor Dieudonne Nzapalainga, alertou que o confronto inter-religioso seria um suicídio para o país. 
"Essa rebelião tem trazido dúvida e desconfiança nas relações entre cristãos e muçulmanos. Ele abalou as raízes da confiança mútua que caracterizam a nossa vida juntos, anteriormente harmoniosa e suave. Os Cristãos pagaram maciçamente e continuam a pagar com as suas vidas, propriedades e dignidade pelos males do Séléka".

Nzapalainga disse que muitos muçulmanos também têm sofrido nas mãos de Séléka.

No dia 13 de setembro, o Presidente Djotodia da República Centro Africana anunciou a dissolução do Séléka, que o levou ao poder em março.

A situação na República Centro Africana estava na agenda da Assembleia Geral da ONU, com a presença do primeiro-ministro da República Centro Africana, Nicolas Tchangai, e vários membros da sociedade civil, incluindo o Rev. Nicolas Nguérékoyamé, presidente da Aliança Evangélica na República Centro Africana.

Em Bangui, capital, patrulhas conjuntas organizadas pelas tropas regionais e as forças de segurança da República Centro Africana ajudaram a trazer relativa segurança à cidade, conforme disseram alguns moradores contatados pelo World Watch Monitor.

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FONTE: WORLD WATCH MONITOR
TRADUÇÃO: ISABELA EMERICK

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