O Ex-governador Cristão de Jacarta, Basuki Tjahaja Purnama, conhecido como Ahok, retirou seu pedido de apelo contra a sentença de dois anos de prisão, recebida por ser acusado de blasfêmia na Indonésia. Ahok citou um versículo do Alcorão durante a campanha, se referindo às prerrogativas que seus adversários políticos poderiam usar do versículo para desencorajar as pessoas de votar nele por não ser muçulmano. Diante disso, o mesmo foi acusado de criticar o verso. Um dia depois que ele perdeu a eleição para seu rival muçulmano, Anies Rasiyd Baswedan, os promotores reduziram as acusações de blasfêmia contra ele para uma pena de prisão por um ano, mas em 9 de maio o tribunal decidiu contra isso e o enviou para a prisão por dois anos. O veredicto causou protestos nas ruas de Jacarta.
Em declaração, Ahok escreveu uma carta que sua esposa, Veronica Tan, leu em uma coletiva de imprensa no dia 23 de Maio. “Eu sei que não é fácil para vocês aceitarem essa realidade e me deixar sozinho, mas eu tenho aprendido a perdoar tudo isso”, disse ele. Ahok também agradeceu a todos que estavam orando por ele ou enviando flores, cartas e livros. Ele ainda encorajou seus apoiadores a perdoar e aceitar a sentença e mostrou preocupação com quais poderiam ser os resultados a longo prazo com a continuação do processo de apelação para as pessoas de Jacarta, devido aos prováveis prejuízos resultante das manifestações contra e a favor dele.
De acordo com o Bangkok Post, uma fonte próxima à família disse que a decisão de suspender o apelo foi feita porque os esforços de Ahok podem ser “bloqueados” ainda mais, dizendo que sua família calculou todos os “fatores políticos” antes de tomar a decisão. A fonte se recusou a explicar mais.
Paul Marshall, professor de liberdade religiosa na Baylor University e pesquisador sênior do Instituto Leimena em Jacarta, disse ao World Watch Monitor que a possibilidade de uma sentença aumentada em apelo poderia ser uma das razões pelas quais Ahok e sua família poderiam ter decidido não contestar a sentença no Tribunal Superior. Enquanto isso, os promotores ainda recorreram a uma sentença menor, uma vez que os juízes pronunciaram uma sentença mais severa do que eles recomendaram. Os advogados e família de Ahok disseram que a retirada poderia dar espaço aos advogados para apelar.
A notícia da retirada do apelo de Ahok aconteceu um dia depois que as Nações Unidas pediram ao governo indonésio que o libertasse e revogasse as leis de blasfêmia que, segundo eles, enfraquecem a liberdade religiosa na nação de maioria muçulmana.
Especialistas da ONU em uma declaração afirmaram que a sentença de Ahok foi “decepcionante” pois “no lugar de falar contra o discurso de ódio pelos líderes dos protestos, as autoridades indonésias parecem ter apaziguado a incitação à intolerância religiosa e discriminação”.
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Com informações do World Watch Monitor
Por: Redação l ANAJURE