[Foto: Open Doors International]
Os protestos em massa realizados por cristãos iranianos no início deste ano reacenderam a esperança do fim da intolerância religiosa no país. Porém, depoimentos de pessoas que sofrem diariamente com o assedio religioso têm evidenciado a fraqueza da luta em prol do pleno exercício da liberdade Religiosa no Irã.
[Foto: Naser Navard / Article 18]
Naser Navard Gol-Tapeh, iraniano convertido ao cristianismo, perdeu seu apelo contra uma sentença de 10 anos de prisão por “atividades missionárias”, e foi transferido para Evin há duas semanas, prisão esta que é localizada em Teerã e conhecida pelas más condições de vida para encarcerados.
Outros dois cristãos, Majidreza Souzanchi Kushani e Fatimeh Mohammadi, também foram detidos em novembro do ano passado. Ambos são membros da autodenominada “Igreja do Irã”. Segundo o Middle East Concerc (MEC), Kushani foi detido sob acusação de “perturbar a segurança nacional” por ser membro de um grupo cristão evangélico, podendo cumprir pena prisional de dois a dez anos. Já o caso de Mohammadi ainda não foi esclarecido e o mesmo está sendo mantido na ala feminina de Evin sem nenhum fundamento legal.
Maryam Rostampour e Marziyeh Amirizadeh relataram que enfrentaram diversos interrogatórios e ameaças físicas durante o tempo em que estiveram presos em 2009 e 2010. Apesar de terem sido libertados há oito anos, Rostampour afirmou que “quando as pessoas vivem na prisão de Evin elas nunca mais são as mesmas”.
Outro cristão que há pouco tempo esteve preso em Evin foi Seman, um cristão convertido do islamismo, detido e preso em 2016 por 44 dias sob acusação de “atividades relacionadas à fé cristã”. Seman conta que, após sua saída da prisão, as autoridades passaram a vigiá-lo para garantir que ele não visitasse cristãos em reuniões da igreja ou em qualquer outro local, e que, apesar do grande trauma, ele não recebeu o apoio necessário.
Seman relata que em seu tempo detido em Evin, as autoridades do local tentavam manipular sua identidade, fazendo-o acreditar ser o que não era. Ele acrescenta que em algumas ocasiões os interrogadores trouxeram alguns de seus amigos que, com olhos vendados, eram questionados sobre quem possuía culpa por eles estarem ali, e os mesmo respondiam que a culpa era de “Seman” e que estariam dispostos a testemunhar contra ele no tribunal.
[Foto: Flickr/ SabzPhoto]
Em 30 de janeiro deste ano, a prisão de Evin, intitulada por duas mulher ex-detidas do local como “a mais brutal do mundo”, recebeu a vista de onze deputados iranianos, responsáveis pela investigação dos supostos casos de abusos no local, segundo a Radio Farda. No decorrer da visita os deputados falaram com quatro detidos, que estavam cercados por oficiais, impossibilitando uma investigação adequada.
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Por: Redação l ANAJURE
Com informações da CSW