Lider cristão colombiano enfrenta acusação de filiação às FARC

Ricardo_EsquiviaFOTO: Ricardo Esquivia Ballestas, fotografado em 2012 durante um evento da Federação Luterana Mundial, em Bogotá, Colômbia. Milton Blanco / Flickr / Creative Commons

 

Enquanto as negociações de paz continuam entre o governo Colombiano e a mais antiga guerrilha de esquerda da América Latina, as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), um caso envolvendo um proeminente líder cristão destaca as dificuldades enfrentadas por aqueles que buscam a mediação entre os lados opostos.

No outro extremo do espectro político das FARC de inspiração comunista, estão os paramilitares de direita com raízes em grupos de vigilantes criados décadas atrás por proprietários de terras para a proteção contra os rebeldes das Farc.

Agora um panfleto produzido por tal grupo paramilitar, Los Urabeños, acusou Ricardo Esquivia Ballestas, diretor da Fundação Semeando Sementes da Paz, ligada à igreja Menonita, de afiliação com as FARC. Tal documento acusa ele e outros líderes comunitários de promover o retorno do grupo armado para a região montanhosa de El Carmen de Bolívar, no norte do departamento Colombiano de Bolívar. Ele também é acusado de roubo e extorsão.

O World Watch Monitor soube através de fontes locais que as autoridades estaduais no serviço militar e do Poder Judiciário aceitaram as acusações do panfleto contra Esquivia.

As acusações provavelmente resultam de trabalho de sua organização para ajudar no retorno da terra para os agricultores que foram desabrigados por grupos paramilitares, entre 2000 e 2004. As autoridades do governo muitas vezes não compreendem as motivações dos ativistas de direitos humanos, presumindo que eles sejam filiados aos rebeldes esquerdistas.

No dia 9 de setembro, outro companheiro líder de comunidade, Jorge Montes, que já foi preso, foi acusado de "pertencer a FARC, formação de quadrilha, extorsão e outros crimes.

O Programa de Defesa para a América Latina do Comitê Norte-Americano Central Menonita, cujo lema é "Libertação, desenvolvimento e paz em nome de Cristo", clamou por uma ação urgente para a "segurança física e judicial de Esquivia, e o direito à um bom nome e ao devido processo legal ".

Durante décadas El Carmen de Bolívar tem sido assolada pela violência. Até meados dos anos 2000 o conflito era entre os paramilitares de direita, as Forças de Autodefesa Unidas da Colômbia (AUC) e as FARC, que há muito disputavam o controle da produção de cocaína desta região. Após a desmobilização da AUC, vários grupos armados lutaram  contra as FARC pelo controle.

Esquivia, é advogado, co-fundador e diretor da Comissão de Restauração, Vida e Paz do Conselho Evangélico de Igrejas da Colômbia (CEDECOL, rm Inglês). Além disso, ele fundou e dirigiu anteriormente o Justa paz – centro cristão para a justiça, paz e ação não-violenta da Igreja Menonita da Colômbia.

Ele promoveu a paz e desenvolvimento comunitário na Colômbia por mais de 40 anos, recebendo prêmios internacionais de paz do Centro Tanenbaum de Nova York por Entendimento Interreligioso e Associação de Reconciliação. Ele representou os grupos religiosos não católicos no Conselho Nacional de Paz, que assessora o presidente da Colômbia.

Apesar da devoção ao longo da vida de Esquivia para trazer paz ao país marcado por guerras, as autoridades colombianas têm levantado acusações semelhantes contra ele inúmeras vezes ao longo dos últimos 25 anos, com emissão de mandados para sua apreensão ou ameaçando usar ações legais contra ele.

As negociações de paz entre as FARC e o governo da Colômbia estão em curso em Cuba. O presidente Juan Manuel Santos impôs um prazo até novembro para uma resolução ser acordada. Entretanto, o conflito civil, que dura décadas, continua.

A Colômbia é n°46 na World Watch List 2013, um ranking anual dos 50 países onde a vida como um cristão é mais difícil. "Os cristãos continuam a ser alvo de perseguição por causa de sua presença como um pilar alternativo da sociedade e por seu testemunho através de seu envolvimento em atividades sociais e políticos", relata a lista.

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FONTE: WORLD WATCH MONITOR
TRADUÇÃO: ISABELA EMERICK

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