MOÇAMBIQUE – Novo grupo islâmico causa 39 mortes e mais de 1.000 deslocamentos

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Foram divulgados detalhes sobre os ataques de um novo grupo radical islâmico na África, chamado Al-Sunna wa Jama’a. Os recentes acontecimentos foram registrados na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique.
A metade sul da África, que até então vinha sendo alvo de casos de extremismo islâmico, teve os seus primeiros ataques registrados em outubro de 2017, quando o grupo alvejou postos policiais, na cidade costeira de Moćimboa da Praia. Desde então, uma série de ataques vem acontecendo, fazendo surgir um alerta sobre o novo movimento jihadista.
Alguns sobreviventes foram contatados pela Human Rights Watch, fornecendo detalhes sobre a escala da violência, que já conta com 39 mortos e mais de mil deslocados forçados desde maio.
No dia 5 de junho, um ataque foi relatado nas aldeias de Namaluco e Naunde, ambas em Quissanga. Um aldeão de Naunde contou que os atacantes capturaram um líder comunitário, que tentou fugir, mas foi perseguido e decapitado na frente de todos.
No dia seguinte, um grupo de homens armados com facões e fuzis de assalto AK-47 invadiu a vila de Namaluco e mataram seis pessoas, além de incendiarem mais de 100 casas. Os assaltantes, que tinham os rostos cobertos, falavam o suaíli, principal língua empregada na região.
Em 12 de junho, um homem idoso foi decapitado e pelo menos 100 casas foram incendiadas por um grupo de seis homens que invadiram a aldeia de Nathuko, no distrito de Macomia, província de Cabo Delgado. Segundo moradores, os assaltantes carregavam facões e tinham seus rostos cobertos.
Sobreviventes dos ataques relataram como o grupo, conhecido localmente como “Al-Shabah”, apesar de não existir evidências que o liguem ao grupo somali de mesmo nome, agiram.
Aisha, que teve sua casa reduzida a cinzas, contou que acordou por volta das duas da manhã depois de ouvir tiros e pessoas gritando.”Eu fui para fora e vi um grupo de pessoas com os rostos cobertos”, disse ela. “Dois deles tinham armas grandes. Os outros três tinham facões. Os que tinham facões também tinham um pequeno livro nas mãos. Eles leem em voz alta as palavras em árabe do livro, antes de incendiar as casas.”
Outra mulher, Anshia, explicou como ela conseguiu escapar: “Eu estava correndo atrás do meu marido e dos meus três filhos mais velhos, quando me lembrei que havia deixado o bebê no meu quarto. Eu voltei. Eles já haviam ateado fogo na minha casa. Um dos homens agarrou minha mão e me deu um tapa no rosto. Eu consegui escapar quando caí no chão. Depois corri para dentro da casa, peguei meu bebê e usei o outro lado da casa para chegar à estrada e correr.”
Para o Presidente da ANAJURE, Dr. Uziel Santa, os casos recentes de violência em Moçambique devem ser vistos com preocupação pela sociedade internacional, sobretudo pelos membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, incluindo o Brasil. Segundo o Dr. Santana, “o aumento de movimentos radicais islâmicos no sul da África tende a contribuir ainda mais para a atual crise de migrações forçadas no mundo, gerando novos fluxos de deslocamentos que, apesar da distância geográfica, podem ter impactos diretos no Brasil, em virtude de questões linguísticas, uma vez que alguns países da região, como Moçambique, também são falantes do Português.”
Para mais informações sobre esse caso, escreva para o Secretário Executivo do ANAJURE Refugees, Igor Sabino, em [email protected]
 
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Com informações de World Watch Monitor e Human Rights Watch
 

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