Numa das passagens mais marcantes do chamado Antigo Testamento, Deus, falando através da instrumentalidade do seu Profeta Miquéias, sentenciou, a propósito das injustiças sociais e iniquidades presentes na sociedade daquela época, o que Ele requeria do Seu povo, como consequências do que é o bem, o belo e a verdade: “que pratiques a justiça, ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus” (Miquéias 6:8). Tal práxis e estilo de vida, para Ele, era muito mais importante que os sacrifícios cultuais celebrados dentro da ritualística da religião judaica. Mais do que o formalismo, o materialismo de um coração piedoso que se expressa, na fórmula mandamental maior da Lei e da Graça: “ame ao teu próximo como a ti mesmo e a Deus sobre todas as coisas”.
Mutatis mutandis, os tempos atuais refletem em muito, no social, e no eclesiástico, a época do profeta Miquéias. Do ponto de vista secular, vivemos tempos de uma sociedade chamada pós-moral e pós-moderna, onde a pressão de ideologias anticristãs e antirreligiosas em geral e a corrupção privada e institucional ditam o tom, os discursos, as políticas e as leis que regem o convívio social e a esfera pública, culminando num complexo de injustiças.
Por sua vez, do ponto de vista do evangelicalismo nacional, lamentavelmente, sofremos uma crise teológica e moral que se materializa em escândalos que envolvem líderes e igrejas que, em vez de dar bom testemunho do amor de Cristo na sociedade, acabam por revelar uma faceta da religiosidade institucional, que não se coaduna, em nada, com os valores do Reino de Deus. Assim, pois, ressoam as Palavras do Senhor ditas a centenas de anos atrás através do profeta Miquéias, com uma atualidade inelutável: “pratiques a justiça, ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus”.
É exatamente neste cenário, que, em 2007, surge o movimento de juristas evangélicos que hoje chamamos, com muita alegria, de ANAJURE – Associação Nacional de Juristas Evangélicos. Sim, somos evangélicos, mas não excluímos das nossas lutas a defesa das liberdades civis fundamentais de todos que residem na República Federativa do Brasil e mesmo em outros continentes e países que o Senhor nos tem levado. Tudo isso porque, de um lado, queremos ser promotores da justiça social, do amor para com o próximo, da misericórdia para com todos – inclusive, os inimigos – com a plena convicção de que não somos a instituição da história, mas apenas, neste momento da história, a instituição que Deus, por graça e misericórdia, quis usar. Fazer o bem e revelar ao mundo as verdades e valores do Reino de Deus é o nosso leitmotiv institucional.
Nos últimos anos, de atuação da ANAJURE,foram recheados de lutas, desafios, angústias, sofrimentos, choro, perseguições – inclusive dos da fé – mas também anos de muitas vitórias, muitas conquistas, onde o Senhor nos fez produzir frutos a mil e a alargar tendas mundo a fora de uma forma tal que não há planejamento estratégico que explique a contento. O Senhor o fez, porque tinha, tem e terá planos para ANAJURE, enquanto continuarmos sendo despenseiros fieis da sua multiforme graça. “Andes humildemente com o teu Deus, ANAJURE”.
Soli Deo Gloria. Em Cristo,
Uziel Santana