Abune Antonios, o legítimo Patriarca da Igreja Eritrea Ortodoxa (Tewahdo), marca amanhã (31) o seu décimo ano de prisão domiciliar em um local desconhecido. Há relatos de uma grave deterioração em sua saúde, como resultado de um possível envenenamento.
O patriarca, que fará 90 anos em julho deste ano, foi removido do seu cargo em Janeiro de 2006, por violar a lei canônica quando se opôs à interferência indevida do governo nos assuntos da igreja. Ele se recusou a fechar a Igreja de Medhanie Alem, que estava vinculada ao movimento de renovação ortodoxa e a excomunhão de 3000 membros. Antonios também foi contra a prisão de três sacerdotes da igreja de Medhanie e contra a intromissão de um leigo nomeado pelo governo para ocupar uma posição dentro do Santo Sínodo, outra contravenção à lei canônica.
Os relatórios sobre a remoção do patriarca foram inicialmente negados pelo governo. No entanto, no dia 20 de janeiro de 2007, dois sacerdotes acompanhados por três agentes de segurança chegaram à sua residência oficial e confiscaram as insígnias pontifícias pessoais do patriarca. No dia 27 de maio do mesmo ano, o patriarca foi expulso à força de sua residência oficial por membros das forças de segurança da Eritreia por volta das 5 horas, horário local, e transportado para um destino desconhecido.
Segundo a Christian Solidarity Worldwide (CSW), relatórios recentes alegam que o patriarca sofre de diabetes grave e hipertensão arterial, e afirmam que ele foi transportado para um centro de saúde na área Edaga Hamus de Asmara no dia 7 de maio de 2017 com o pretexto de receber um exame médico, que ele não necessitava. Uma vez lá, Abune Antonios foi supostamente envenenado com uma substância que o levou a ficar gravemente doente, com sintomas que incluem dor intensa na coluna vertebral e diarreia. A sua deterioração foi tão grave que a Diocese da Igreja Ortodoxa Eritreia, da América do Norte, Europa e Oriente Médio emitiram um apelo à oração.
O site da igreja publicou no dia 8 de agosto de 2016 fotos de um encontro entre o Patriarca Antonios e uma delegação de monges, estudiosos e funcionários do governo. O site também publicou uma carta que o patriarca havia assinado, na qual se desculpava por qualquer erro intencional ou involuntário que ele tenha cometido que levou à sua remoção e avisou que em breve estaria livre. No entanto, esta versão dos fatos não foi confirmada por várias fontes confiáveis.
Sobre o fato da sua prisão, o Chefe Executivo da CSW, Mervym Thomas, disse: “A CSW continua a pedir a imediata e incondicional libertação e reintegração do Patriarca. Nós também exortamos à comunidade internacional não só a expressar preocupação com a situação do patriarca, mas também a lembrar às autoridades da Eritreia que essa remoção constitui uma interferência ilegal nos assuntos da igreja, pedindo sua libertação imediata e seu retorno ao cargo.”
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Com informações da CSW
Por: Redação l ANAJURE