Warsi diz que a situação dos cristãos tornou-se uma crise global
A primeira Muçulmana a servir ao governo Britânico disse recentemente que os governos ocidentais devem proteger os Cristãos que estão sendo forçados a sair do Oriente Médio. “A perseguição, eu creio, é o maior desafio que enfrentamos neste começo de século”, disse Sayeeda Warsi durante um discurso na Universidade Georgetown, em Washington, DC. Warsi, como Ministra de Fé e Comunidades, é uma ministra sênior do Estado no Escritório de Relações Estrangeiras do Reino Unido.
Segundo Warsi, "os Cristãos no Oriente Médio são vistos como 'intrusos' na região onde têm vivido desde o despontar do Cristianismo. Ele também são vistos como 'forasteiros' em sociedades que ajudaram a moldar por séculos, e culpados por ofensas ocidentais. Um êxodo em massa está acontecendo, numa escala Bíblica. Em alguns locais há o perigo real de que o Cristianismo seja extinto.”
Nascida na Inglaterra, filha de imigrantes Paquistaneses, Warsi foi elevada à Casa dos Lordes em 2007, aos 36 anos, sendo a mais jovem integrante do parlamento na época. Em 2010, o Primeiro Ministro David Cameron a apontou como ministra sem pasta, em 2012 foi nomeada para a pasta de Fé e Comunidades.
Em seu discurso na Universidade de Georgetown, Warsi disse que líderes de todas as crenças e governos no Ocidente podem lutar contra o “novo sectarismo que está assolando os continentes” de quatro maneiras:
– Enfatizando os momentos na história em que as pessoas de uma crença vieram a ser auxílio para pessoas de uma crença diferente;
– Insistindo que “a presença de outras crenças não vem à custa de sua própria”;
– Promovendo a ligação entre liberdade religiosa e saúde econômica. “A perseguição é ruim para os negócios”, disse ela.
– Encorajando líderes das maiores religiões a defenderem as outras.
“Nossa resposta a esta crise global não deve ser, em si, sectária”, disse Warsi. “Não deve ser um caso de Cristãos defendendo Cristãos, Muçulmanos defendendo Muçulmanos, ou também grupos de fé defendendo grupos de fé.”
Durante uma sessão de perguntas e respostas no Conselho de Relações Estrangeiras, Warsi disse que o crescimento da violência sectária tem criado um abismo entre as principais religiões, abrindo espaço para elementos extremistas. “O desafio parece ser que parte do mundo quer falar sobre islamofobia no Ocidente e outra parte do mundo quer falar sobre liberdade de expressão e perseguição de Cristãos, logo está muito polarizada a discussão e temos que encontrar um ponto de equilíbrio.”
Para Warsi, parte da resposta à violência sectária requer que as autoridades religiosas refutem extremistas quando eles apontam a religião para justificar a perseguição. “Tire dos extremistas sua base moral mais alta. Não os permita esta crença. E qualquer coisa que os permita usar a crença como sua cobertura, eu acho, os fortalece. E nós temos que tirar isto deles.”
Warsi ressalta que a situação é sombria para muitas minorias religiosas, mas especialmente para os Cristãos.
"Eu tenho a responsabilidade pelo Paquistão", disse ela. "Uma das coisas que temos nos envolvido é em ter conversas muito francas com o primeiro-ministro de lá, com o ministro das Relações Exteriores, com o ministro que tem a responsabilidade de assuntos religiosos, dizendo que os políticos têm o dever de falar quando este tipo de perseguição acontece e estabelecer os padrões pelos quais eles esperam que as sociedades sigam."
Warsi também exortou os políticos a manterem sua palavra, garantindo que suas constituições nacionais sejam cumpridas e que as leis internacionais de direitos humanos sejam seguidas. "Há muito mais que podemos fazer [além de falar]. Há um consenso internacional, na forma de uma resolução do Conselho de Direitos Humanos sobre o tratamento das minorias e tolerância para com outras religiões, mas nós precisamos construir uma vontade política por trás disso. Temos artigos internacionais, que são os mais traduzidos sobre a liberdade de religião, mas eles não estão implementados; logo, não é apenas ter leis, é necessário que os políticos que tenham a vontade política para implementar essas leis."
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FONTE: WORLD WATCH MONITOR
TRADUÇÃO: JORGE ALBERTO E RÔMULO MOURA