Ataques em Paris paralelos ao medo da crescente ameaça jihadista na África

bandeira negra dos jihadistas                                                                                   Bandeira dos jihadistas

 

Vários líderes africanos, preocupados com a ascensão do islamismo no continente, participaram da marcha antiterror em Paris que aconteceu no último domingo, dia 11 de janeiro.

Entre os 50 países estrangeiros que participaram da marcha, estavam na ocasião os Chefes do Estado do Mali, Níger, Senegal, Benin, Togo e Gabão. Todos eles expressaram apoio para com a França e a necessidade de uma ação global para combater os grupos jihadistas, que estão cada vez mais ativos na África sub-saariana.

No nordeste da Nigéria, o derramamento de sangue continuou com pelo menos 23 pessoas mortas no último fim de semana, resultado de um ataque de mulheres-bomba.

 

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De acordo com a ONU, mais de 11 mil pessoas fugiram para Chade desde o ataque em Baga.

Em reação a esses ataques, o Arcebispo de Jos e presidente da Conferência Episcopal Católica da Nigéria acusou o Ocidente de ignorar a ameaça do grupo militante islâmico Boko Haram. Ignatius Kaigama disse: “uma tragédia monumental necessitava de um suporte internacional e unidade do tipo que foi demonstrada logo depois do ataque que aconteceu na semana passada na França”.

Vários países, incluindo Estados Unidos, Grã-Betranha, França, Israel e China ofereceram apoio à Nigéria para combater a insurgência do Boko Haram na sequência do sequestro das cerca de 300 meninas de uma escola de Chibok, em abril de 2014. Até agora o exército nigeriano mostrou a sua incapacidade de lidar com a insurgência do Boko Haram, o que também afetou países vizinhos.

O nordeste dos Camarões tornou-se uma nova zona de batalha. Na segunda-feira, militantes atacaram uma base militar do Kolofata, obrigando os moradores a fugir. 

No Níger, as autoridades locais estão preocupadas com o a avanço dos militantes do Boko Haram que recentemente invadiram a cidade de Borko Damassak, a mais próxima da fronteira. O prefeito de Difa, situada perto da fronteira, disse à imprensa que ele tem visto a bandeira negra dos jihadistas voando do outro lado da fronteira. Ele também expressou o medo de outros possíveis ataques de militantes no Níger. Esse medo é compartilhado pelo Arcebispo de Niamey, que viajou para Paris no domingo, junto com o presidente do Níger, Mahamadou Issoufou.

“Mais e mais jovens nigerianos estão se alistando no movimento Boko Haram, especialmente na regiao de Diffa”, disse o Arcebispo Mons. Michael Cartaféguy a agência de notícia católica Fides. “Esses jovens conhecem Diffa melhor do que os membros do Boko Haram, podendo assim lhes mostrar onde eles podem realizar os ataques”.

De acordo com as autoridades do Níger, mais de 100 pessoas fugiram para lá desde maio de 2013, quando o governo nigeriano declarou estado de emergência em três Estados do nordeste, após ataques do Boko Haram.

Nas últimas semanas, os miitantes levantaram sua bandeira em dezenas de cidades e declararam a criação de um califado, que já ocupa uma área maior do que a Suíça.

A porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse na segunda-feira, dia 12, que a eleição que acontecerá no próximo mês na Nigéria é um fator que está por trás do aumento dos ataques dos militantes do Boko Haram. Ela também expressou indignação durante uma coletiva de imprensa, manifestando-se sobre a falta de interesse na Nigéria em comparação com os ataques que aconteceram na França.

No norte do Mali, a situação também é preocupante porque os militantes estão intensificando os ataques. No dia 5 de janeiro, oito soldados malianos foram mortos em um ataque realizado por supostos jihadistas no quartel de Nampla, perto da fronteira com a Mauritânia. Os soldados da ONU no Mali têm sido frequentemente alvo dos militantes.

Quando perguntado qual era a melhor estratégia para garantir a segurança da Europa, o presidente do Níger, Mahamadou Issoufou, disse: "uma intervenção militar internacional para tentar restaurar a estabilidade da Líbia."

“Quando eles interviram na Líbia, ninguém nos consultou, mas agora, nós pagamos o preço por causa da situação”, informou Issoufou à mídia francesa.

“Hoje todos devem se unir e o que devemos lembrar é que todos os nossos países [na África] são apenas metas intermediárias para os terroristas. O objetivo final é o Ocidente, de modo que o principal inimigo desses terroristas é o Ocidente.”

Desde a queda do líder líbio, Gaddafi, em 2011, os especialistas dizem que o país se tornou um santuário jihadista, tendo grupos rivais lutando pelo controle.

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FONTE: World Watch Monitor
TRADUÇÃO: Fernando Souza l ANAJURE

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