DEVOCIONAL DE NATAL l Emanuel e a benção multidimensional de Deus (Por: Rev. Paulo Won)  

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Mateus 1:18-25:
18 Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo.
19 Mas José, seu esposo, sendo justo e não a querendo infamar, resolveu deixá-la secretamente.
20 Enquanto ponderava nestas coisas, eis que lhe apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo.
21 Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.
22 Ora, tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor por intermédio do profeta:
23 Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco).
24 Despertado José do sono, fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu sua mulher.
25 Contudo, não a conheceu, enquanto ela não deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Jesus.’

 

Chegamos a mais um Natal. Ano após ano, celebramos o nascimento daquele que é o Deus encarnado que veio para salvar os seus e conceder-lhes verdadeira vida. A narrativa natalina nos cativa pela sua beleza e relevância. Como fora predito pelos santos profetas no Antigo Testamento, o Filho de Deus veio, de forma humilde, assumir uma missão que nenhum outro antes ou depois Dele teria condições de cumpri-la cabalmente.

O apóstolo Mateus narra o episódio da natividade a partir da linha genealógica de Cristo. Desde Abraão, passando por Davi até a chegada de Jesus, a história dessa família nos revela o cuidado de Deus em nos oferecer uma salvação como algo cuidadosamente planejado. Embora a leitura possa ser enfadonha, é imprescindível vermos nessa genealogia que o Deus conosco estava com o seu povo desde o início. O Deus conosco, agora, por meio de Jesus, se encarnou para concretizar o plano de redenção. Cristo nasceu para morrer, sacrificar-se por nós, para que pudéssemos ser o povo de Deus, de fato.

A narrativa da natividade que nos lembramos nesse Natal nos testifica que Jesus é o Deus presente conosco. O texto de hoje nos mostra pelo menos três dimensões da benção da presença de Jesus em nossas vidas.

Em primeiro lugar, quando Jesus está em nossa família, ela é abençoada (versículos 18-20). A benção de Deus atingiu primeiramente a sagrada família. Em relação à Maria, mãe de Jesus, ela era virgem e noiva de José. O fato dela se apresentar grávida certamente gerou suspeitas de uma gravidez ilegítima. Entretanto, Maria mesmo sabia que o Salvador do mundo estava sendo gerado nela por meio da ação inédita e única do Espírito Santo. Dentre as mulheres, teve o maior privilégio de ser a mãe do Salvador. Temos certeza que Maria sentiu-se a mulher mais abençoada do mundo ao lermos suas palavras de louvor no Magnificat (Lc. 1:46-55).

José também foi abençoado. Ele era noivo de Maria e um homem justo que não queria nenhum mal contra sua noiva; a saber, ela ser morta por adultério. Mateus nos relata que Gabriel, anjo do Senhor, o visitou e revelou o maravilhoso acontecimento na vida de Maria. Em submissão e obediência, José disse sim a Deus e renunciou a todas as suas prerrogativas como noivo. Ele renunciou àquilo que, humanamente, ele poderia achar justo, e Deus o encheu com a sua verdadeira justiça! Embora José não fosse o pai sanguíneo de Jesus, ele o foi legalmente. É dele que contamos a sua descendência davídica: José, filho de Davi.

Maria e José, ambos foram abençoados por Deus por meio da presença de Jesus em sua família e a mesma benção estende-se a nós. Quando nossas casas e lares abrem suas portas a Jesus, recebendo-o e o entronizando-o como Senhor e Rei, por mais tribulações que possamos passar, a própria presença do Salvador se transforma em nossa maior benção e recompensa!

Em segundo lugar, quando Jesus está presente em meio ao seu povo, há salvação (versículo 21). O nome Jesus significa: Yahweh salva. Em outras palavras, Jesus é a salvação de Deus para todo o seu povo! Mateus cita a profecia de Isaias 7:14 como prova cabal do milagre da divina concepção de Cristo. E por que Ele veio? Ele veio para salvar aqueles que lhe pertencem, ou seja, seu povo.

O Natal é, então, o tempo de exaltarmos o grande ato de Deus em cumprir sua promessa e salvar por meio de Jesus todas as famílias da terra, aqueles que em Cristo são chamados “novo povo de Deus”. Essa salvação é, no sentido mais pleno, a salvação dos pecados, da morte, do diabo. Deus decidiu na eternidade salvar os seus. Jesus é a concretização disso. Em uma perspectiva mais ampla, o nascimento não faria sentido sem a cruz.

Nesse bendito natal, somos convidados a recebermos as graças derramadas por meio de Jesus a todo seu povo. Somos chamados a celebramos no meio da congregação dos justificados a encarnação do Verbo. Somos enviados a anunciar o divino nascimento a todos os povos! Jesus está presente em meio ao seu povo: proclamemos essa verdade a todos!

Por fim, quando Jesus está presente em nossa vida, somos transformados (versículos 22-25). Qual foi a reação de José a tudo o que estava acontecendo? Como Maria deve ter se sentido depois de receber a revelação bombástica do anjo Gabriel? A presença de Jesus em cada um, individualmente, é algo que gera transformação.

Emanuel: esse é um dos títulos de Jesus. Pare para pensar no peso dessa frase: Deus está conosco! Sim, da forma mais real e palpável. Ele se fez carne, viveu em nosso meio, morreu de forma pública e ressuscitou, fato este atestado por centenas de testemunhas oculares!

João 1:12-14 diz: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.” Que palavra tremenda! Não é possível que esse Jesus, uma vez entronizado em nossos corações, não promova uma transformação substancial em nossas vidas!

Esse mesmo Jesus, o Emanuel, nos prometeu dizendo: “E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mt. 28:20). Jesus esteve pessoalmente com seus discípulos há dois mil anos, da mesma forma que Ele está conosco hoje. Quando Jesus está presente em nossa vida, somos transformados a não mais vivemos em função de nós mesmos, mas em função desse Senhor Jesus que vive e habita em nós. Você tem experimentado essa transformação?

A presença de Jesus, aquele que nasceu como homem para nos salvar, já é em si uma benção em todos os âmbitos da nossa vida: familiar, comunitária e individual. Não nos esqueçamos que esse Cristo está em nosso meio ainda hoje. Anunciemos o seu nascimento com grande alegria, ouvindo a voz dos anjos que disseram: “Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor.” (Lc. 2:10-11). Como nossos ancestrais exultavam em suas festas natalinas, Natum videte regem angelorum: Venite adoremus Dominum!

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Sobre o autor: o Rev. Paulo Won é Pastor na Igreja Presbiteriana Metropolitana (Campinas/SP), Mestre em Estudos Bíblicos pela Universidade de Edimburgo, Professor de teologia no Seminário Presbiteriano do Sul e Seminário Servo de Cristo, Diretor da Escola Didaskalia, além de Autor dos livros “E Deus falou na língua dos homens” e “Grego Diário”.