DEVOCIONAL I Dia da Justiça l Instrumentos de justiça

Por Dr. Gabriel Dayan
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Justiça e juízo são a base do teu trono; misericórdia e verdade irão adiante do teu rosto. Salmos 89:14

No âmbito acadêmico, ouvimos que a Justiça não existe e, na melhor das hipóteses, seria uma abstração idealizada, um mecanismo da evolução biológica cega ou um constructo social ultrapassado. Porém, se não existe justiça, por que então a injustiça nos incomoda tanto?

Tentativas intelectuais de negar a Justiça não tem conseguido amenizar o impulso do coração humano em julgar ações humanas e atos da natureza como certos ou errados, bons ou maus. A experiência da injustiça não invalida a existência da Justiça, pois se ela de fato não existisse, também ficaríamos inertes em relação à injustiça. A realidade da (in)justiça é tão séria que no simples tangenciar da nossa vida ela nos faz mergulhar nos mais profundos questionamentos existenciais e na escrita das mais belas poesias.

Para celebrar o dia da Justiça que ocorre nesta segunda semana do Advento (08/12), enquanto nos lembramos das promessas sobre o Messias esperado e do seu Reino, gostaria de convidá-los a refletirem sobre como o chamado do jurista como instrumento da justiça nas relações humanas e diante dos atos da natureza.

Inicialmente, o Evangelho nos ensina que não há sequer um justo (Sl 53:3, Rm 3:10), pois os efeitos do pecado original que causaram a morte espiritual (Ef 2:1) em toda a humanidade macularam todo ato de bondade ou justiça ao ponto de Deus chamá-los de imundícia (Is 64:6).

Por graça e misericórdia, Deus abriu as portas de um Reino de Justiça que agora pode ser acessado mediante a fé no sacrifício único e suficiente de Jesus Cristo na Cruz do Calvário, de modo a vivermos espiritualmente em santidade e crescendo no conhecimento do único Deus verdadeiro. Assim, a Justiça não pode ser encontrada em nós mesmos, mas em um ato exclusivo de um Deus que nos amou de tal maneira que deu a sua vida para salvar pecadores que crêem (Jo 3:16).

Porém, tamanha infusão de Graça e retidão não nos permite estagnar diante dos efeitos internos e sociais do pecado à nossa volta, mas nos impele a cooperarmos com Cristo como instrumentos que fazem a justiça irromper em todo centímetro quadrado da nossa existência.

Desta forma, a vocação do jurista se desvela quando traz justiças nas mais intrincadas e complexas relações humanas bem como na retomada da mordomia da criação que temos relegado desde o Éden. É um chamado para retribuir, com mansidão e respeito, o quinhão que é devido aos que praticam o mal ou que padecem o que não mereciam. A esperança do nosso chamado em Cristo é saber que Ele não despreza nosso trabalho, desde que para adorá-lo. Que benção é sermos chamados para a sua Glória!

Portanto, ao sabermos que nosso trabalho não é em vão quando feito no Senhor (1Cor 15:58) e desempenharmos com excelência esse papel como juristas, inevitavelmente nos encontraremos curvados e prostrados diante d’Ele, pois a Justiça e o Direito são a base do trono de Deus (Sl 89:14).

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SOBRE O AUTOR:

GABRIEL DAYAN é Diretor Executivo da ANAJURE. Além disso, é Advogado Constitucionalista, formado em Direito, com pós-graduação em Direito Civil e Processual
Civil ambos pela Unicuritiba.

Membro da Primeira Igreja Batista de Curitiba (PIB), é autor do livro Manual do Universitário Cristão – MUC, da Cartilha de Organização Jurídica para Igrejas e autor de artigos em revistas especializadas.

Foi Coordenador da Aliança Bíblica Universitária – ABUB em Curitiba e atualmente estuda a relação Cristianismo e Política pelo Seminário Teológico Jonathan Edwards.