O governador de Jacarta, Busuki Tjahaja Purnama, conhecido como Ahok e que é cristão, foi considerado culpado por cometer blasfêmia e sentenciado a dois anos de prisão nesta terça-feira (09). No dia 27 de setembro de 2016, Ahok citou um versículo do Alcorão durante a campanha, se referindo às prerrogativas que seus adversários políticos poderiam usar do versículo para desencorajar as pessoas de votar nele por não ser muçulmano. Diante disso, o mesmo foi acusado de criticar o verso.
Após o governador fazer uma declaração que viralizou na internet pelo Youtube, o processo judicial contra o governador foi arquivado por severos grupos conservadores islâmicos. Mas em 13 de Novembro de 2016, Ahok foi formalmente acusado de blasfêmia e começou a cumprir pena no dia 13 de dezembro de 2016. Estima-se que 500 mil muçulmanos tenham comparecido a uma série de comícios em novembro e dezembro de 2016 para protestar contra sua suposta blasfêmia.
Ahok foi o primeiro governador de Jacarta, em 50 anos, que não era muçulmano. Sua campanha de reeleição foi abafada pela alegação de blasfêmia contra ele, e ele perdeu a eleição no mês passado.
Benedict Rogers, líder da Christian Solidarity Worldwide (CSW) no leste da Ásia, afirmou que este veredito e esta sentença imposta representa um erro ultrajado de justiça e que a habilidade da Indonésia de se manter como um exemplo de moderação, tolerância e democracia de maioria muçulmana está mais ameaçada e é agora questionável.
A Indonésia é o maior país de maioria muçulmana do mundo, mas rejeitou a teocracia em sua fundação e adotou uma filosofia de Estado conhecida como “Pancasila”, dando igual reconhecimento às principais religiões.
Em 10 de Janeiro, a Comissão Nacional Indonésia para os Direitos Humanos (Komnas HAM) publicou um relatório detalhando um aumento constante nas violações contra o direito à liberdade de crença nos últimos anos. O relatório da CSW de 2014, Indonésia: Pluralism in Peril, descobriu que a crescente intolerância religiosa representa uma ameaça à forte tradição da indonésia de pluralismo religioso.
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Com informações da CSW
Por: Redação l ANAJURE