Multidão formada por jovens, idosos e famílias inteiras marcharam nas ruas de Paris para protestar contra projeto de lei que autoriza casamento gay e adoção de crianças por casais homossexuais.
Milhares de pessoas protestaram neste domingo (13) em Paris contra os planos do governo de conceder aos casais homossexuais o direito de se casar e adotar crianças. A manifestação reuniu católicos, evangélicos e muçulmanos e até mesmo homossexuais que se opõem ao casamento entre pessoas do mesmo sexo em três grandes frentes que convergiram para o Champs de Mars, um grande parque perto da torre Eiffel.
Os manifestantes levavam bandeiras nas cores rosa e azul e levavam símbolos da família tradicional, como figuras do pai, mãe e dois filhos. Alguns cartazes diziam “Não queremos sua lei, François” e “Não toque no meu código civil“. A mobilização ocorreu com pessoas vindas de caravanas de várias partes do país, que usaram meios de transporte como ônibus e trem.
Segundo os organizadores, as marchas reuniram cerca de 800 mil pessoas. A polícia e um ministro do governo, no entanto, afirmaram que o número total de manifestantes não passou de 340 mil pessoas. Mesmo com esse cálculo, o protesto foi considerado a maior manifestação em Paris dos últimos 20 anos.
O presidente socialista francês François Hollande deve analisar os projetos de lei sobre união homossexual até o final de janeiro. No Parlamento francês, os socialistas são maioria, mas segundo a BBC, a campanha dos opositores ao casamento gay vem conquistando apoio público. Com isso, os deputados adiaram a votação de uma proposta que permitiria a casais de lésbicas o uso de inseminação artificial.
Durante sua campanha presidencial, Hollande prometeu ampliar os direitos homossexuais. No país já é permitida a união entre casais do mesmo sexo.
Opositores do governo como o líder do grupo parlamentar de centro-direita União por um Movimento Popular (UMP), Jean-François Cope, afirmou que as manifestações seriam um teste para o presidente, já que “claramente milhões de franceses estão preocupados com a reforma”. Mesmo com apoio da igreja e de partidos da direita, os organizadores do evento disseram que o movimento não tem caráter político nem religioso, nem mesmo é contra os homossexuais.
Uma das líderes das manifestações, a comediante conhecida como Frigide Barjot, leu uma carta a Hollande na qual pedia que retirasse o projeto de lei da pauta e ampliasse o debate público sobre a questão.
Apesar de admitir que o número de pessoas que compareceu à manifestação foi “substancial”, adiantou que não irá mudar sua determinação de efetuar a reforma.
Apoio católico
O Vaticano tem manifestado por diversas vezes sua posição de que crianças devem ser criadas por um pai e uma mãe dentro do modelo de família tradicional.
O tradicional jornal da Santa Sé L’Osservatore Romano publicou neste domingo um editorial em que comenta a decisão da corte suprema de apelação da Itália, que garantiu a uma mãe homossexual a custódia de seu filho. A decisão levantou o debate sobre adoção por casais gays na Europa.
“O ser humano é o masculino e o feminino… a família monogâmica é o local ideal para aprender o significado das relações humanas e é o ambiente para a melhor forma de crescimento é possível“, escreveu Adriano Pessina, diretor de bioética da Universidade Católica do Sagrado Coração, segundo a Reuters.
O cardeal Philippe Barbarin, arcebispo de Lyon, esteve presente na manifestação em Paris. Segundo ele o projeto de lei em tramitação vai “confundir as referências e debilitar as famílias“.
Caso aprove a lei, a França se unirá a outros 11 países, como Argentina, Espanha e Uruguai que permitem o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo.
Presidente da ANAJURE comenta
O Dr. Uziel Santana acredita que a mobilização em Paris foi um momento histórico e um divisor de águas na Europa e no mundo. “Foi uma demonstração de força e de mobilização que servirá de inspiração para os cristãos de todo o mundo. Infelizmente, não tem sido comum, ao menos no Brasil, o posicionamento firme e corajoso dos cristãos. Muitos têm medo das perseguições e retaliações dos adeptos da cultura do politicamente correto. Outros tantos têm medo de em seus trabalhos e organizações serem patrulhados ideologicamente”.
Para o Dr. Uziel, as manifestações demonstraram que os cristãos não podem ficar calados diante do “modelo de desconstrução dos valores cristãos, imposto por uma agenda esquerdista”.
O presidente da ANAJURE falou também da importância de a sociedade ser ouvida, seja através de referendos, plebiscitos ou audiências públicas acerca de temas de repercussão social como o do “casamento gay”.
O tema é controverso e segundo o Dr. Uziel, faz parte da agenda esquerdista, aliada à militância homossexual. “O próprio governo francês, com medo de uma derrota avassaladora, depois da manifestação, reagiu dizendo que não faria referendo sobre o tema. O fato é que esses valores defendidos pelos esquerdistas não são compactuados pela imensa maioria das sociedades, por isso eles correm da ideia de plebiscito e referendo”, explica.
FONTE DA FOTO: O GLOBO