Vida normal segue em Mallawi, fora dos muros da Igreja Evangélica de Mallawi que foi destruída por multidões islâmicas após o 14 de agosto durante repressão militar contra manifestantes pró-Morsi no Cairo.
Markus Tozman, um estudante de graduação do Oriente Médio na Universidade Johns Hopkins SAIS, fez um trabalho de pesquisa no Cairo de 17 de junho até 16 de agosto de 2013. Seus pontos de vista, contidos no ensaio abaixo, são informações recolhidas a partir de entrevistas da mídia e das impressões das pessoas que ele conheceu nas ruas do Cairo.
"O rei está morto, vida longa ao rei!" Deve ser difícil para aqueles que estão fora do Egito colocar em perspectiva lógica a evolução dos últimos dois anos e meio. A revolução da "Primavera árabe" Egípcia foi seguida de instabilidade política que levou a uma outra revolução em 30 de junho de 2013. Os resultados destas revoluções são um estado assustador de instabilidade que é um mau presságio para o futuro do Egito.
No princípio, foi a revolução de 25 de janeiro de 2011 que levou à destituição do presidente Mubarak, que liderou as fortunas do Egito por 30 anos. Um descontentamento generalizado com a situação econômica, um fosso cada vez maior entre os ricos e os pobres, a corrupção, o nepotismo e a falta de perspectivas para o jovens (com menos de 25 anos), que representam mais de metade da população Egípcia, levou dezenas de milhares de egípcios a manifestar-se contra o seu Presidente. Os dias de Mubarak estavam contados, e foi por causa da juventude que ele foi derrubado. Os Liberais e os Cristãos estavam por trás da revolução e a maior instituição não-estatal do Egito, a Fraternidade Muçulmana, inicialmente, absteve-se de participardos protestos. Foi só na última fase da revolução que alguns de seus anciãos se juntaram ao protesto, mas eles tinham apenas um papel insignificante. Devido à sua história e as diversas repressões do governo que havia enfrentado, a Fraternidade Muçulmana foi cautelosa e não acreditava no sucesso da insurreição. No entanto, o exército, que sempre foi a espinha dorsal de qualquer regime na história recente do Egito, tinha perdido a confiança em Mubarak e sacrificou-o para agradar às multidões. Mubarak foi derrubado .
Com os resultados das eleições parlamentares de 2012, vários observadores argumentaram que a Fraternidade Muçulmana tinha, um ano depois, se apossado da revolução. Membros da Fraternidade, eles argumentaram, não foram às ruas para derrubar o presidente Mubarak, mas por meio de sua rede forte e sua influência financeira, eles ganharam as eleições Egípcias para as Câmaras Alta e Baixa por uma maioria esmagadora de 45%. O segundo maior partido era o partido salafista Al Nour, que ganhou outros 22%. Coalescentes, ambas as partes tinham uma maioria de dois terços [1].
As eleições presidenciais foram em junho de 2012. Como Gehad el-Haddad, porta-voz da Fraternidade Muçulmana, me disse em uma entrevista, a Irmandade Muçulmana, inicialmente, prometeu não participar nas eleições presidenciais para o bem da unidade pública. "Mas porque não havia nenhum candidato capaz e vimos o país cair nas mãos do antigo regime, nós salvamos o Egito pela influência de Morsi. Caso contrário, o antigo regime teria vencido" [2].
Morsi venceu com 52% contra Ahmed Shafik, um representante do antigo regime. Morsi não venceu por causa do amplo apoio da Fraternidade Muçulmana, mas por causa da animosidade que os egípcios ainda tinham para com o antigo regime. Muitos egípcios relataram que eles estavam dispostos a dar a Fraternidade uma chance, porque achavam que não tinha outra escolha, só havia um contra-candidato e ele era um representante do antigo regime, contra o qual os egípcios estavam lutando em primeiro lugar.
Uma vez no controle do poder legislativo e executivo, no entanto, a Irmandade Muçulmana não conseguiu implementar uma política de consenso nacional. Grosseiramente falando, a revolução de 2011 foi uma luta por mais liberdade política e porque os egípcios queriam que a sua situação econômica melhorasse. Em vez de abordar estas questões, a Fraternidade expurgou instituições estatais e ministérios. O mandato de um ano da Fraternidade deixou bem claro que a agenda do partido no poder não era consensual. A polarização estava em ascensão: a mentalidade de "ou você está conosco ou está contra nós" foi promovida pela Fraternidade Muçulmana. Para dar alguns exemplos: Egípcios relataram que sentiram uma enorme pressão para usar véu ou barbas crescidas e jalabiyyas (a longa e tradicional vestimenta Islâmica). Aqueles que não fizessem, enfrentavam o assédio na rua. Além disso, mais de 40 julgamentos por "insultos contra o Islã" foram iniciados contra os Cristãos dentro dos dois anos e meio após a revolução. Esta taxa era quase inexistente antes da revolução [3].
No entanto, o início da queda da Fraternidade foi, provavelmente, 22 novembro de 2012, o dia em que o presidente Morsi deu a si mesmo, através de uma declaração constitucional, "os poderes de emitir qualquer decisão ou lei, sem que qualquer autoridade alternativa no país tenha o poder de se opor ou revogá-la" [4 ].
Ao mesmo tempo, ele declarou que o Judiciário não tinha o direito de dissolver o Conselho Shura (Câmara Alta), nem a Assembléia Constituinte (encarregado de escrever uma nova Constituição), sendo que ambos foram dominados por Islamistas.
Ao tomar essas medidas a Fraternidade Muçulmana e o Presidente colocaram-se acima do poder judiciário e não sobrou organismo de controle, uma vez que a Câmara dos Deputados já havia sido dissolvida. O Egito estava em seu caminho para outra ditadura. No entanto, as causas da revolução de janeiro de 2011 ainda não haviam sido abordadas politicamente porque a Fraternidade se focou apenas em salvaguardar a sua própria posição. A economia estava mal, a inflação crescendo e o setor de trabalho informal aumentou para muito mais do que 50% em 2012 [5].
O comportamento inepto do Morsi como Presidente, o aumento da violência sectária contra os Cristãos e os Muçulmanos xiitas [6], um crescimento geral de desordem pública, violentos confrontos entre apoiadores e opositores de Morsi e uma sensação de alienação em seu próprio país [7] levaram à resistência de mais e mais Egípcios, e eventualmente também para a fundação do (rebelde) movimento Tamarod em abril de 2013. O movimento recolheu 22 milhões de assinaturas de cidadãos Egípcios que exigiam a renúncia do Morsi, apesar de não ter qualquer base legal para fazer cumprir esta etapa. Milhões foram às ruas em 30 de junho para expressar suas demandas. No entanto , a Fraternidade se recusou a fazer concessões e Morsi não conseguiu conciliar suficientemente as demandas da população. O exército interveio e anunciou a "revolução do povo", destacando que este não foi um golpe de Estado militar, porque era só "a vontade do povo" e o exército cumpriu essa vontade. O Ministro da Defesa Sisi, chefe das forças armadas, declarou isso na televisão e ele foi apoiado pelo Grande Xeique da Al-Azhar (chefe da Hanafi Branch Islâmica), o Papa Tawadros (chefe da comunidade Copta) e outras organizações represenativas da sociedade.
As consequências para a comunidade Cristã foram sentidas imediatamente. Eles foram denunciados pela Fraternidade Muçulmana como sendo a única responsável pela derrota. Por estar em uma situação muito mais precária no campo, eles foram vítimas de vários ataques sectários, como em Minya, deixando dezenas de casas de Cristãos e lojas queimadas no chão [8]. Embora os liberais e a máxima autoridade do ramo islâmico Hanafi apoiaram o golpe (bem como o partido salafista al-Nour, ex-parceiro de coalizão da Fraternidade), a Fraternidade não podia tão facilmente agitar multidões contra esses grupos como podiam contra a população Cristã. Os Cristãos eram um bode expiatório ideal, porque eles poderiam ser designados facilmente como o "inimigo mal" aos olhos da população rural mal-educada e dos pobres. Mesmo antes da derrubada de Morsi, os Cristãos já haviam sido ameaçados de que deveriam ficar em casa em 30 de junho ou enfrentar consequências desastrosas. No entanto, o pior para eles ainda estava por vir.
A deposição de Morsi abriu um leque de possibilidades políticas. Mesmo sem ele, o Egito poderia ter abraçado a Fraternidade, acreditando que ainda poderia, finalmente, tomar decisões baseadas em consenso para o futuro do Egito. No entanto, uma vez que a oposição tinha o poder, eles se recusaram a conciliar com a Fraternidade. Quanto mais tempo o impasse com a Fraternidade se arrastava, menos pacientes os cidadãos do Cairo se tornavam. A sociedade chegou a um nível tão elevado de polarização que se sentia como se quisessem vingar-se da Fraternidade por seu ano no poder. Várias pessoas nas ruas sem rodeios me disseram: "Nós temos um problema, na verdade, que é a Fraternidade. Nós temos uma solução também: poderíamos simplesmente limpá-los das ruas com o nosso exército".
Para ganhar a legitimidade necessária para isso, o exército convocou o povo Egípcio a tomar as ruas novamente, para mostrar a sua solidariedade com o exército e para proteger a revolução da ameaça da Fraternidade. Em outras palavras: o exército pediu a população para dar um cheque em branco para usar uma abordagem dura contra qualquer um que era "contra a revolução". Egípcios seguiram o exemplo. Indo a esses protestos, observei multidões que abraçaram e idealizaram o exército como protetor do povo e da revolução. Sisi foi comparado com o grande herói Egípcio Nasser, e o povo exigiu um exército forte e poderoso para salvar o Egito da sua morte.
Esta cena foi realmente bastante preocupante, pois mostrou que os egípcios tinham perdido completamente de vista os acontecimentos no seu país. Muitos foram cegados pelo ódio puro da Fraternidade e ficaram paranóicos [9]. Parecia que eles haviam esquecido os objetivos iniciais da revolução de janeiro de 2011: eles queriam se livrar do velho regime e viver uma vida mais próspera, com mais liberdade política. Essa demonstração, no entanto, mostrou-me que estes objetivos iniciais não estavam mais em seus interesses. Eles estavam dispostos a sacrificar tudo isso por causa da eliminação da Fraternidade Muçulmana.
O exército entendeu o seu mandato e tomou o poder em suas mãos completamente. Em 14 de agosto, o exército ordenou a dispersão brutal da Fraternidade, no Cairo, onde mais de mil manifestantes, médicos e jornalistas foram mortos. Os números exatos são desconhecidos, porque o exército proibiu o Ministério da Saúde de publicar o número de mortos, mas é provável que havia muito mais de 14 mil vítimas só em agosto. Jornalistas foram alvejados porque foram supostamente tendenciosos contra o regime, ou parte dos meios de comunicação internacionais que supostamente queriam manchar a reputação do Egito. Poucas horas depois, foi declarado estado de emergência e um toque de recolher imposto em várias províncias e cidades em todo o Egipto – Observei egípcios nas ruas aplaudindo essa decisão.
O que se seguiu foram as piores formas de violência sectária contra os Cristãos no Egito em mais de um século. Dentro de 48 horas após a dispersão, 61 igrejas, 58 casas e 85 lojas pertencentes a Cristãos foram atacadas e destruídas [10]. Uma vez que a Fraternidade Muçulmana havia anunciado ataques de retaliação em caso de uma repressão militar, é altamente provável que o exército esperasse ataques contra os Cristãos. No entanto, eu não encontrei um relato dando conta de que o exército interveio para proteger seus cidadãos Cristãos. Suspeito que as imagens da queima de igrejas e tumultos da Fraternidade Muçulmana foram toleradas, para dizer o mínimo, para criar um forte sentimento público contrário, e entender ser necessária uma abordagem dura do exército em relação a eles.
Politicamente falando, esses eventos asseguraram o poder do exército. Figuras fortes da oposição, como Mohammed el-Baradei, renunciaram após a repressão contra a Fraternidade Muçulmana. O movimento Tamarod, com seus 22 milhões de apoiadores, não conseguiu materializar a sua influência política e um terceiro bloco de Egípcios que não apoiam ambos os lados existes, mas não têm muita influência [11]. Neste ponto, não há grandes partidos políticos de esquerda que poderiam reunir votos suficientes para ter um mandato forte.
O exército (um dos maiores empreendedores econômicos no Egito [12]) e os meios de comunicação parecem silenciar qualquer tipo de crítica contra o exército, ou o seu "golpe de Estado". Vários jornalistas estrangeiros foram detidos sem qualquer acusação oficial; um membro de uma ONG Egípcia, que presta assistência médica e jurídica às vítimas de violações de direitos humanos foi preso depois que denunciou publicamente o exército, dizendo que estava revivendo o regime de Mubarak[13]; o governo apoiado pelo exército decidiu proibir a Fraternidade Muçulmana como uma ONG oficialmente registrada [14]. A liberdade de expressão parece ter se tornado uma questão a qual o exército vai tolerar novamente.
Sem oposição viável à vista e com a maioria dos Egípcios, incluindo os Cristãos, de forma submissa apoiando tudo o que o exército faz, o Egito está enfrentando um retorno para o mesmo sistema que estavam lutando contra nos últimos dois anos e meio. O nacionalismo sempre foi onipresente no Egito, mas parece que o jingoísmo está tomando lugar. Alguns autores suspeitam que o exército promove este fervor nacionalista como uma cura contra o Islamismo [15]. Se for esse o caso, o Egito voltaria a época de Nasser. As conexões entre Nasser e Sisi são feitas conscientemente pelo exército e tenho testemunhado manifestantes, bem como jornalistas, que colocam Sisi na mesma linha que seu antecessor.
A Fraternidade, no entanto, voltará, sem dúvida. Eles sobreviveram 85 anos de perseguição e repressão e não vão vacilar agora, embora tenham perdido muito apoio público. Enquanto eles têm fundos suficientes para pagar inúmeros pobres do Egito, eles vão sempre manter uma certa influência e será um fator de desestabilização no Egito. Mesmo com a prisão de suas lideranças, a estrutura da Fraternidade ainda está intacta e, provavelmente, trará novos líderes. Neste sentido, outros desenvolvimentos apontam para um futuro Egípcio que é um mau presságio a meu ver. Em 5 de setembro, um atentado contra a vida do Ministro do Interior foi feito por agressores desconhecidos [16]. Os paralelos com o início da década de 90, na qual os Islâmicos levaram o Estado à campanha longa, aterrorizando os Cristãos e a população no campo. Outra indicação de que o Egito pode acabar em uma campanha de terror de longa duração é a abordagem dura do exército no Sinai, onde tenta-se reprimir os militantes, criando uma forte resistência local e hostilidade entre os habitantes do Sinai [17]. Ataques de retaliação pelo Hamas, um dos principais aliados da Fraternidade da região, podem se seguir também. O exército decidiu isolar a Faixa de Gaza e criar uma zona tampão para parar túneis contrabandistas. Uma vez que a tributação de bens que passam os túneis é a principal receita para o Hamas, eles terão de tomar medidas contra isso ou vão perder o poder [18].
A cada ataque terrorista, o sentimento entre os Egípcios cresce de que o país precisa de um forte exército para se salvar de cair aos pedaços. Mesmo que o governo interino ainda funcione sobre uma nova Constituição, a caligrafia do exército provavelmente será encontrada no documento. O projeto de Constituição proíbe os partidos políticos religiosos, outro revés na era de Mubarak, onde os partidos políticos religiosos foram oficialmente proibidos até sua derrubada, em 2011. Ele também pode levar salafistas que estão organizados em partidos políticos para se juntar às fileiras com os irmãos Muçulmanos para se vingar do Estado [19].
A situação dos Cristãos é ainda pior do que antes da queda de Mubarak. Papa Tawadros assumiu claramente uma posição contra a Fraternidade e desviou sua ira para a comunidade Cristã no Egito. Os ataques não pouparam outras denominações, mas eram ataques contra a população Cristã. Embora o exército tenha prometido uma compensação para as igrejas queimadas, algumas das quais datavam do século IV dC [20], considerando-se muito pobre o histórico do Egito de construção de igrejas ou renovação de licenças, é possível que estes anúncios não sejam mais do que apenas um meio dar aos Cristãos do Egito alguma esperança vaga para segurar. Além disso, particularmente os Cristãos em áreas rurais, como o Alto Egito vão suportar o sofrimento. É nas áreas rurais, onde a Fraternidade Muçulmana tradicionalmente teve uma influência forte, porque ajudou a população pobre com alimentos e dinheiro. Aqueles Egípcios são facilmente sugestionáveis e podem ser inflamados contra os Cristãos .
Conversei com Coptas para, no entanto, experimentar tudo isso como um mal necessário que eles têm de suportar para ter um futuro brilhante no Egito. Nada poderia ser pior do que a Fraternidade Muçulmana no poder, eles argumentam. Se eles têm de ser perseguidos e mortos, mas podem esperar um futuro melhor, eles não desistirão do Egito. Infelizmente, a escrita já está na parede. A execução de um sacerdote Copta no Sinai e a tomada de uma aldeia em Minya por Islâmicos (já removido pelas forças de segurança) são indicações do que os Cristãos enfrentarão no futuro, em curto e médio prazo [21]. As chances são altas de que os Islamistas vão se vingar de Cristãos no campo, em particular, onde há uma presença militar fraca. Pode-se questionar se o gesto do Papa de seladear abertamente à oposição foi sábio, mas os Cristãos com quem eu falei estavam todos orgulhosos de sua decisão. Ainda assim, isto piorou a situação e eles serão alvo prinicpal dos Islamistas, juntamente com o exército e a polícia, nos anos vindouros. Os ataques contra os Cristãos chegaram a um nível tão preocupante que até mesmo os grandes meios de comunicação como a Associated Press e o New York Times informaram sobre isso [22]. No entanto, como já aconteceu muitas vezes antes, essa atenção foi de curta duração e, novamente, parou rapidamente.
Apesar do aumento incrível na violência sectária, os Cristãos no Egito sentem que têm alcançado seu objetivo e ainda são tomados por seus sentimentos de vitória. Se este sentimento faz o caminho para a realidade que os Cristãos enfrentam no Egito e se a sua posição não é fortalecida como resultado da nova Constituição, estes podem emigrar em massa. Pelo menos os Cristãos de classe média e alta que entrevistei têm todos os parentes no exterior e poderiam facilmente deixar o Egito. Exceto para os Egípcios de classe baixa, nenhum dos meus entrevistados enfrenta problemas com o processo de visto.
Muitos Egípcios relataram que veem 25 de janeiro e 30 de junho como dois lados de uma mesma moeda; que a revolução começou e, em seguida, foi concluída com a destituição de Morsi. Eu não acho isso altamente improvável. É algo que me parece, como um não-Egípcio, que 30 de junho desfez o trabalho de 25 de janeiro. Nada do que os Egípcios têm lutado foi alcançado. A economia ainda está ruim, apesar dos empréstimos de bilhões de dólares de países abertamente contrários à Fraternidade, como a Arábia Saudita. A principal fonte de reservas internacionais, o setor de turismo, sofreu tremendamente e vai demorar anos para recuperar a confiança dos turistas. A deterioração da segurança tem custado investimentos e não é provável que os investidores em breve voltem para o Egito. Em suma, uma perspectiva bastante desanimadora para o país mais populoso do mundo árabe e, mais ainda, para a maior comunidade Cristã no Oriente Médio.
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FONTE: World Watch Monitor
TRADUÇÃO: Tercyo Dutra
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NOTAS:
1. http://www.aljazeera.com/indepth/interactive/2012/01/20121248225832718.html; embora a Câmara dos Deputados tenha sido dissolvida logo depois por ordem judicial sobre a constitucionalidade da lei eleitoral, o Conselho Shura permaneceu no cargo até 03 de julho de 2013
2. Entrevista comGehad el-Haddad, 23/07/2013
3. http://www.wataninet.com/watani_Article_Details.aspx?A=41272
4. http://www.al-monitor.com/pulse/originals/2012/al-monitor/morsi-decree-constitution-power.html
5. Em uma entrevista com um professor de economia, que é especializado em economia do mercado de trabalho Egípcio (2013/06/08), foi-me dito que em 2012 mais de 75 por cento da economia Egípcia era baseada no emprego informal (definido como o emprego sem contrato ou registro de seguro social). O aumento foi devido à deterioração da situação econômica. Os empregadores não estavam dispostos a contratar pessoas de forma regulamentar, e o cidadão comum teve que arrumar vários empregos para cobrir o aumento dos custos de vida por causa da alta inflação. Contudo, estes números não podem ser indicados com precisão absoluta por causa da natureza da economia informal e, por isso, têm que ser lidos com cautela. Veja também Sieverding Maia, A perspectiva do curso de vida na Protecção Social entre os trabalhadores pobres no Egito, gênero no trabalho na região MENA Paper Series, número 24, setembro de 2012.
6. Um exemplo particularmente flagrante é o ataque ao funeral de Coptas na sua Sé Apostólica no Cairo, que deixou vários Coptas mortos. A polícia só ficou perto e não interveio para proteger os Coptas. Para ataques contra os Xiitas: http://www.al-monitor.com/pulse/originals/2013/06/morsi-end-muslim-brotherhood-sectarianism.html
7. Entrevista 5, 18/07/2013.; http://www.al-monitor.com/pulse/originals/2013/03/egypt-chaos-muslim-brotherhood-clashes-violence.html?utm_source=&utm_medium=email&utm_campaign=6720
8. http://www.wataninet.com/watani_Article_Details.aspx?A=43753;
9 Eu me deparei com xenofobia várias vezes. Eu não podia mais falar publicamente sobre a minha ascendência Síria, as raízes dos meus pais na Turquia ou o fato de que eu nasci na Alemanha. Todos estes países, assim como outros, caíram em desgraça aos olhos dos Egípcios. A Alemanha criticou a detenção ilegal de Morsi, a Turquia foi a mais feroz defensora da Fraternidade e, desde de que refugiados Sírios foram pagos pela Fraternidade para protestar contra a oposição, uma campanha de difamação pública foi iniciada contra todos eles, inter alia, impondo restrições de viagem aos Sírios e negando-lhes a entrada no Egito. Um artigo interessante sobre o caso dos refugiados Sírios pode ser encontrado em:http://www.al-monitor.com/pulse/culture/2013/09/egypt-bans-syria-refugees-return.html
10. http://www.tagesschau.de/multimedia/video/video1329104.html
11. http://qz.com/118620/egyptians-are-using-pots-and-pans-to-make-themselves-heard/
12. Embora os números definitivos são quase impossíveis de encontrar, um professor de economia que eu entrevistei (08/06/2013) acreditava que o exército tinha mais de 40 por cento da economia Egípcia em suas mãos.
14. http://www.egyptindependent.com/news/egypt-decides-dissolve-brotherhood-ngo-report
15. http://www.al-monitor.com/pulse/originals/2013/09/egyptian-nationalism-islamism-challenge.html
16. http://www.egyptindependent.com/news/21-injured-minister-assassination-attempt-health-officials
18. http://www.al-monitor.com/pulse/originals/2013/09/egypt-buffer-zone-gaza-hamas.html
22. http://www.nytimes.com/2013/08/21/world/middleeast/attacks-rise-against-egypts-christians.html