Advogada vencedora do Nobel, Shirin Ebadi, pede que EUA e União Europeia priorizem as condições das minorias
Uma Iraniana ganhadora do Premio Nobel tem avisado aos oficiais dos EUA e União Europeia que o Programa Nuclear do Irã está distraindo eles dos abusos aos direitos humanos no país.
Shirin Ebadi, atualmente vivendo no Reino Unido, tem pedido ao Ocidente que repense estas sanções, dizendo que ao invés de conter as ambições nucleares Iranianas, eles estão afetando a vida de cidadãos comuns, muitos dos quais ficaram “bastante pobres”.
Sanções em longo prazo contra o Irã são prováveis que sejam revistas à luz das recentes negociações em Genebra entre o Irã e o P5+1 (EUA, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha).
O Presidente Obama disse a NBC News: "Os EUA confirmaram que o relaxamento nas sanções estava sendo oferecido em troca de medidas concretas e verificáveis. Nós podemos fornecer-lhes algum alívio muito modesto [de sanções], mas mantendo a arquitetura das sanções no lugar".
Ebadi, falando na Conferência do Nobel de Literatura na Polônia, em 21 de outubro, acerca das conversações em Genebra hoje, disse que estava desapontada com a falta de resposta do novo presidente Hassan Rouhani acerca das violações de direitos humanos no país, dizendo que mais pessoas têm sido executadas desde a eleição dele em junho do que no mesmo período do ano passado com o ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad. “Infelizmente o mundo prioriza a energia nuclear mais do que os direitos humanos e não presta atenção à situação de violação aos direitos humanos no Irã,” disse ela. “E é por isso que a condição dos direitos humanos está piorando no Irã.” Ela acrescentou também que as minorias étnicas e religiosas continuam sendo perseguidas.
Alireza Miryousefi, porta-voz da missão da ONU para o Irã, disse que seu país entrou em um “novo estágio de democracia” com Rouhani, seguido de “livres, limpas, transparentes e democráticas” eleições. Ele acrescentou que Rouhani indicou o assistente especial para relações com minorias Ali Younesi, para assegurar que as minorias étnicas e religiosas sejam protegidas. Younesi recentemente expressou decepção e preocupação com as recentes execuções, dizendo que elas são realizadas por “extremistas”.
No ínicio desta semana, um Cristão preso por 10 anos foi libertado depois de ter cumprindo três meses a mais que sua sentença. Entretanto, na semana anterior através um grupo de quatro Cristãos perderam suas apelações contra os termos da prisão pelo mesmo motivo de frequentar “igrejas domésticas”, rotulada de uma “organização antissegurança”.
Enquanto isso, Saeed Abedini, um cidadão Iraniano nascido nos EUA e pastor que cumpre pena de oito anos na prisão por trabalhos missionários, foi transferido da Prisão Evin de Teerã para a Prisão Rajai Shahr nas proximidades de Karaj. Relatos sugerem que as condições na Prisão de Karaj são bem precárias e que ele foi transferido para o local em que permanecem os presos mais violentos do Irã.
“Ir para Karaj é uma punição severa,” disse um diplomata holandês em Teerã no ano de 2005. “Em Rajaï Shahr, prisioneiros políticos têm que dividir celas com criminosos perigosos como assassinos, sequestradores e traficantes de drogas, os quais não hesitam em atacar seus companheiros de cela. Eles não têm nada a perder: muitos deles estão condenados à morte. Assassinatos e mortes sem explicação são ocorrências regulares."
A família descobriu a transferência somente quando chegou para a visita semanal em Evin – e então foi dito que Abedini não pode receber visitas em Karaj.
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FONTE: WORLD WATCH MONITOR
TRADUÇÃO: TÉRCYO DUTRA