Durante o Ramadã os islâmicos têm 30 dias de jejum e forte devoção. Enquanto isto, os cristão aumentam o cuidado pois em vários países ocorrem duras práticas de perseguição religiosa.
Para muitos países do Oriente Médio, que são formados por população de maioria muçulmana, este mês de julho traz consigo uma atmosfera cultural e religiosa diferenciada, pois é o nono mês do calendário islâmico e nele é celebrado um dos pilares do islamismo, o Ramadã. Para os cristãos, esse período de celebração inspira mais cuidados e sensibilidade pois a lei em alguns destes países institui pena de até cinco anos de prisão para os cidadãos que desrespeitarem o jejum.
Os Islâmicos entendem que foi neste período do ano que o anjo Gabriel transmitiu inúmeras mensagens de Alá para o Profeta Maomé, quando este tinha aproximadamente 40 anos e estava andando no deserto próximo de Meca em 610 D.C. O registro destas mensagens transmitidas por intermédio do anjo formaram a base do Alcorão, que é o livro em que a religião Islãmica baseia sua crença e práticas.
Este é um dos mais tradicionais e importantes eventos para os muçulmanos, pois é uma das cinco obrigações que a religião institui (Shahada – profissão de fé, Salah – cinco orações diárias, Sakat – caridades, Ramadã/Suam – jejum e Hajj – peregrinação a Meca). O início e o término do Ramadã em cada ano é baseado na combinação das observações da Lua e em cálculos astronômicos.
Momento de oração da tarde, no primeiro dia do mês de jejum sagrado do Ramadã, em Ar-Raudlatul Hasanah escola islâmica em Medan, Sumatra do Norte, Indonésia, em 10 de Julho de 2013. (AP Photo / Binsar Bakkara)
Em 2013, o Ramadã teve início no dia 10 de julho e vai permanecer por 30 dias, onde os islâmicos não comem ou bebem do nascente do sol até o poente, e os seguidores enxergam na celebração a oportunidade de: conseguir o perdão e favores divinos, além de trazer novos adeptos à religião, tornando a fé muçulmana mais forte dentro de seus países
O jejum neste período é obrigatório em muitos países, e por isso ninguém pode declarar em público que não está jejuando durante este mês sagrado. A quebra do jejum é considerada como um dos pecados mais graves, e o que não seguir a fé será considerado apóstata e sofrerá punições.
Cristão perseguidos
Ex-muçulmanos em vários países islâmicos tornam-se desprezados pela família, renegados, expulsos de suas comunidades e até ameaçados de morte. Sobretudo neste mês sagrado dos muçulmanos, os cristãos são inspirados a ter maior sensibilidade e cautela no que se refere às suas atividades religiosas, pois muitos dos ataques à igrejas cristãs costumam ocorrer nos últimos dias do Ramadã.
Um desses dias é denominado de Laylat al-Qadr (literalmente “Noite do Destino”, também conhecida como “Noite do Poder”) e que normalmente é comemorado no 27º dia do jejum. Neste dia, acredita-se que o profeta Maomé tenha recebido a revelação dos primeiros versos do Alcorão.
Muitos cristãos do mundo muçulmano são alvo de processos penais e violência por se negarem a praticar o jejum islâmico. Um exemplo claro de intolerância relacionada à quebra do jejum é o que ocorreu na Argélia, em outubro de 2008, onde seis pessoas foram condenadas a quatro anos de prisão e receberam pesadas multas. Semelhantemente no Kuwait, uma lei de 1968 estipula multa e ou encarceramento para aqueles flagrados comendo ou bebendo durante o período sagrado do Ramadã. No Marrocos, o código penal prevê pena de até seis meses de prisão a quem não praticar o jejum.
Nos Emirados Árabes Unidos, se alimentar durante o dia é considerado uma ofensa menor e punida com serviços comunitários, e as leis trabalhistas estabelecem que durante o Ramadã os empregados devem trabalhar apenas 6 horas por dia, sejam eles muçulmanos ou não. Desta forma, os indivíduos são obrigados a praticar o Ramadã de duas formas, pela lei e pela religião.
Os cristãos nestes países muçulmanos buscam manter o equilíbrio para não entrar em discussões acaloradas e muitos deles optam por celebrar o Ramadã temendo as punições resultantes da não participação. Estes, carecem das orações e apoio das autoridades e igreja em todo o mundo, para que essa pressão possa diminuir e exista mais tolerância religiosa.
Países com população entre 70 e 100% de muçulmanos
Albânia, Afeganistão, Argélia, Azerbaijão, Bahrein, Bangladesh, Bielorrússia, Comores, Djibuti, Egito, Gâmbia, Indonésia, Irã, Guiné, Iraque, Kuwait, Quirquistão, Líbia, Maldivas, Mali, Mauritânia, Marrocos, Níger, Omã, Paquistão, Qatar, Arábia Saudita, Senegal, Síria, Cazaquistão, Somália, Tunísia, Turquia, Turcomenistão, Emirados Árabes Unidos, Uzbequistão, Sahara Ocidental e Iémen.
*Com informações da Missão Portas Abertas
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Por: ANAJURE – Angélica Brito l Press Officer