Em entrevista na Rádio Vaticana, o diretor do Instituto Jesuíta na África do Sul, Raymond Perrier, explicou como sua organização está envolvida na Campanha Exposed e quais as armas utilizadas para combater a corrupção no local.
A Campanha EXPOSED já se faz presente em muitos países, inclusive na África do Sul. A receptividade da população diante desta campanha é um indicativo que não é mais possível conviver pacificamente com a corrupção e suas terríveis consequências. Esse assunto foi debatido na Rádio Vaticana, no início de nomembro, durante entrevista com o diretor do Instituto Jesuíta da África do Sul, o Bispo Raymond Perrier.
Perrier explicou que os bispos católicos escreveram uma carta pastoral apontando que o problema da corrupção desenfreada na localidade é mais do que um problema de governo e chamam a atenção da comunidade incentivando ações pessoais que possam erradicar este mal que tem afetado a igreja e a sociedade.
Segundo o bispo, tanto os cristãos quanto as paróquias localizadas na África do Sul foram convidados a participar da Campanha EXPOSED, e assim colocar um Foco de Luz sobre a corrupção. A ideia é combater a corrupção em três níveis, em nível pessoal, em nível local e a nível global.
“O problema por trás da corrupção é que temos a tendência de achar que é uma questão global e não pensamos sobre o nosso papel pessoal”, comentou Perrier. “Um dos argumentos utilizados na Africa do Sul é que a corrupção ocorre porque não a denunciamos, e depois de um tempo a gente se acostuma e fecha os olhos para ela. No nível local, estamos pedindo às pessoas para olhar para o que está acontecendo em sua área em termos de corrupção, e que denunciem.
Ainda durante a entrevista, Raymond Perrier afirma que as pessoas em seu país tendem à corrupção desde cedo como um ensinamento. Por exemplo, o pagamento de subornos aos agentes de trânsito é quase uma prática comum, e o interessante é a maneira como as pessoas se queixam dos policiais corruptos sem perceberem que na verdade, se os motoristas não subornassem, os policiais não seriam corruptos.
Em relação à campanha Exposed, Perrier , diz que uma prática comum é colocar na parte de trás da Igreja um livro ou uma caixa com o título de ‘Suborno’. A ideia é que sempre que a pessoa for convidada a pagar uma propina, ela escreva no livro ou em um pedaço de papel: o lugar , o tempo , a data e qual era a situação (sem o nome da pessoa) e no final do mês, a informação é recolhida. Assim surge um padrão que permite que as pessoas em posições de poder possam prender funcionários públicos ou outros que desenvolvam esta conduta.
“Para tentar mudar o mundo, temos que mudar a nós mesmos. O indivíduo pode olhar para si mesmo e perguntar o que ele pode fazer para combater as ações corruptas e de que forma ele é cúmplice delas ou por qual motivo ele faz vista grossa a essas práticas”, finalizou o líder.
A Associação Nacional de Juristas Evangélicos é uma das organizações que apoia a campanha no Brasil. Para o Dr. Ênio Araújo, Vice-Presidente da associação, “por tratar-se de um movimento sem bandeira partidária ou religiosa, o ‘Exposed’ consegue atrair olhares dos mais variados e agregar setores dos mais contrapostos e essa é a essência do movimento, tratar com o indivíduo na sua natureza, no seu caráter e não a partir de seus estereótipos”.
“Ver esse assunto ser discutido e manifestamente abraçado pela comunidade católica na África do Sul deixa a ANAJURE regozijada por perceber que o movimento está no caminho certo e instiga as mais diferentes correntes sociais na busca pela diminuição da corrupção no local. As experiências locais são difundidas para os demais envolvidos alargando o leque de iniciativas que podem minimizar este câncer, que não se origina dela, e sim do indivíduo. Uma vez, conscientizando o indivíduo de que seu comportamento interfere diretamente na formação da sociedade, conseguiremos ao menos renovar as esperanças de que a próxima geração não precisará conviver com índices tão alarmantes de corrupção”, afirmou o Dr. Ênio Araújo.
O EXPOSED
A campanha nasceu a partir de uma coalizão de organizações cristãs no Reino Unido, e se espalhou por países da América e Europa, chegando até a África do Sul, onde foi abraçada com entusiasmo.
A celebração da Campanha ocorreu na segunda semana de outubro (14-20), onde centenas de vigílias foram realizadas em 150 nações envolvidas na campanha. Durante as vigílias, as consequências da corrupção foram evidenciadas.
O EXPOSED busca recolher assinaturas para apresentá-las aos líderes mundiais presentes no encontro do próximo G20 na Austrália, no final de 2014. O objetivo é que eles também se envolvam na campanha.
A apresentação das assinaturas aos líderes no G20 também será uma forma de provar que a populações em todo o mundo, não vai mais aceitar a corrupção de seus governantes.
________________________
Por: ANAJURE – International Press Office l Angélica Brito