Chamado à oração e mobilização pela vida

Brasília, 28 de agosto de 2023.

Tu criaste o íntimo do meu ser
e me teceste no ventre de minha mãe.
Eu te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável.
Tuas obras são maravilhosas!
Digo isso com convicção.
Meus ossos não estavam escondidos de ti
quando em secreto fui formado
e entretecido como nas profundezas da terra.
Os teus olhos viram o meu embrião;
todos os dias determinados para mim
foram escritos no teu livro antes de qualquer deles existir.
Salmos 139.13-16

Prezados pastores, líderes e irmãos de nossa comunidade evangélica,

A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442, que propõe a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação, se encontra em curso para análise do Supremo Tribunal Federal (STF). Diante do cenário atual, é crucial que nos posicionemos com clareza e determinação contra a cultura de morte, em defesa do valor intrínseco da vida humana em todas as suas fases. 

Desde o livro de Gênesis, somos ensinados que Deus criou o homem e a mulher à Sua imagem e semelhança. Cada ser humano é portador de uma dignidade intrínseca e inalienável, conferida pelo próprio Deus. A vida humana, assim, é uma dádiva divina e, como tal, deve ser respeitada e protegida desde o momento da concepção até o último suspiro.

No que se refere à oração, a Bíblia nos ensina a orar pelos que se encontram em sofrimento e aflição, bem como por todas as autoridades (1 Timóteo 2:1-2). Frente à proximidade do julgamento da ADPF 442, é um tempo importante para levantarmos nossas vozes em oração. 

Conclamamos igrejas, líderes e irmãos em Cristo a orarem pelos bebês em gestação, pelas mulheres que enfrentam dificuldades, e pelos Ministros do Supremo Tribunal Federal, para que o Senhor os oriente diante da vindoura decisão tão importante para a vida de milhões de brasileiros, nascidos ou ainda por nascer.

A prática da oração, no entanto, não prescinde da ação. Como cristãos, somos chamados não apenas a orar pelos necessitados e vulneráveis, mas também a nos mobilizarmos de maneira pacífica e justa, manifestando nossa posição e preocupação em relação à preservação da vida através da conscientização da nossa comunidade, do apoio às gestantes e da atuação civil.

Além disso, o amor ao próximo é um dos pilares do ensinamento de Jesus. Ao nos posicionarmos contra a ADPF 442, estamos expressando nosso amor e preocupação pelas vidas das mulheres, dos bebês e de suas famílias. Devemos lembrar que o aborto não é apenas uma questão teórica, mas uma realidade que impacta vidas reais. 

Enquanto discípulos de Jesus, devemos exercer a mordomia cristã, que se traduz no cuidado e no amparo para com aqueles que estão vivenciando momentos críticos. É preciso desenvolver nossas redes de apoio, institucionais e voluntárias, para assistência às mulheres, bebês e às suas famílias, de modo que sejam resguardados pela comunidade de fé e demais braços sociais das igrejas em todas as fases do processo gestacional, da maternidade e da infância, de modo a afastar os malignos incentivos econômicos e sociais à prática do aborto, testemunhado o amor de Cristo pelas mulheres e pequeninos.

Enquanto líderes, os pastores e demais oficiais da Igreja de Cristo têm a responsabilidade de educar seus membros sobre os fundamentos bíblicos que guiam a posição cristã sobre o aborto. A capacitação dos cristãos para o cuidado da família e dos mais necessitados e vulneráveis perpassa pela compreensão de princípios fundamentais das Escrituras, que nos revelam a santidade da vida e nosso dever ético de cuidado com o próximo.

Essa educação é uma ferramenta essencial para equipar nossa comunidade a entender e articular as bases de nossa posição pró-vida e suas consequências práticas. Ao assim fazermos, fortalecemos a fé de nossos irmãos, capacitando-os a se envolverem nos debates que cercam a questão do aborto e a se engajarem socialmente em práticas comunitárias em defesa da vida.

A união de todos os cristãos contra a liberalização do aborto é de suma importância. Diante do desafio que a ADPF 442 representa, convidamos as igrejas a se unirem em oração e ação. Busquemos a face de Deus e intercedamos pela justiça e pela preservação da vida, engajando-nos de maneira eficaz em nosso papel de cidadãos conscientes.

Nossa voz coletiva pode fazer a diferença. Permaneçamos firmes, em unidade e em oração, na defesa do direito à vida, desde a concepção até o último sopro, quando o Justo Juiz chamar.

Em Cristo,

Dra. Edna V. Zilli
Presidente da ANAJURE