Um documento publicado em julho deste ano pela 32ª Frente das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP) ilustra o grau de repressão que o grupo de guerrilha exerce sobre a população sob seu controle, incluindo severas restrições à liberdade religiosa.
O “manual para coexistência”, publicado pelo jornal Colombiano El Colombiano, inclui duras restrições à liberdade religiosa na região de Putumayo, onde a 32ª Frente mantém o controle.
Este manual afirma que “igrejas Evangélicas podem apenas ser construídas em municípios que são capitais,” e “pastores e padres vão realizar suas missas e cultos apenas nas igrejas destas cidades”. De acordo com o El Colombiano, padres e pastores da região rural de Putumayo que tentaram conduzir o ministério fora da cidade foram ameaçados e forçados a fugir.
As restrições à prática religiosa do manual estão de acordo com outros relatórios recebidos pela Christian Solidarity Worldwide (CSW). A FARC-EP, um ramo esquerdista do grupo guerrilheiro que se tornou armado em 1960 e está atualmente num processo de diálogo de paz com o governo, tem tido como alvo grupos e líderes religiosos desde o início. Acredita-se que o grupo seja responsável por assassinatos de centenas de líderes de igrejas nos últimos cinquenta anos. Isto inclui os assassinatos do Reverendo Manuel Camacho na região de Guaviare em 2009 e dos pastores Humberto Mendez e Joel Cruz Garcia em Huila em 2007; os três pastores notoriamente desafiaram as restrições da FARC-EP sobre pregação e evangelização. Cerca de 150 igrejas foram fechadas e a atividade religiosa proibida no sudeste da Colômbia em zonas sob o controle da FARC-EP.
Um recente relatório publicado por parceiras da CSW, a Comissão do Conselho Colombiano de Igrejas Evangélicas para Restauração, Vida e Paz, compilou um trabalho documental de dez anos acerca das violações de direitos humanos cometidas contra Cristãos Protestantes. O relatório encontrou que na última década a FARC-EP foi responsável por 184 casos documentados de intolerância religiosa.
O Diretor Executivo da CSW, Mervyn Thomas, disse: “A CSW não está surpresa pelo conteúdo deste manual, já que ele está de acordo com o que os Colombianos em zonas controladas pela FARC-EP têm nos contado por mais de uma década. Nós continuamos preocupados com as restrições impostas pela FARC-EP quanto aos direitos fundamentais, incluindo a liberdade religiosa, de muitas pessoas que eles afirmam defender. O fato é que este documento foi publicado e está circulando há três meses, mas quase um ano após terem sido iniciadas as conversas sobre um possível acordo de paz entre a FARC-EP e o governo, ainda se discute como isto poderá afetar a população civil. O respeito aos direitos humanos fundamentais, incluindo a liberdade de religião e consciência, garantido pela Constituição Colombiana e pactos internacionais, juntamente com a justiça às vítimas, deve ser o fundamento de qualquer acordo de paz. Nós pedimos a FARC-EP para eliminar todas as restrições à liberdade de religião ou crença em áreas sob sua influência com efeito imediato”.
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FONTE: CSW
TRADUÇÃO: JORGE ALBERTO
