Domingo Mundial dos Refugiados: “Queremos levar encorajamento por meio da oração”, diz líder de organização

O Domingo Mundial dos Refugiados este ano foi celebrado nos dias 16 e 23 de junho em comunidades cristãs em todo o mundo, onde haverá intercessão em favor dos que deixam seus países para começar uma nova vida.

 

DOMINGO DO REFUGIADO site peq

No último domingo (16), comunidades cristãs espalhadas em todo o mundo, celebraram o Domingo Mundial dos Refugiados, voltando seus olhos e intercedendo em oração pelos 50 milhões de refugiados que deixaram sua cidade ou país para encontrar abrigo em outro lugar. Avaliando os avanços desta causa e o apoio por parte das comunidades cristãs, Brian O’Connell, presidente da Refugee Highway Partnership (RLP), concedeu uma entrevista exclusiva para a Associação Nacional de Juristas Evangélicos – ANAJURE.

Na entrevista, Brian explica sobre os desafios e conquistas na luta em favor dos refugiados. Para ele, ainda é cedo para falar como foi a celebração do primeiro Domingo Mundial do Refugiado pois, ocorreu em várias línguas e inclusive a China e a Índia que participaram pela primeira vez. “O principal objetivo do Domingo Mundial do Refugiado é aumentar a conscientização dentro da igreja global quanto à situação de mais de 50 milhões de pessoas forçadamente desalojadas no mundo”, explica Brian.

Além do dia 16 de junho, a celebração também ocorrerá no próximo dia 23. Essas duas datas foram designadas para que as igrejas pudessem escolher a ocasião que melhor lhe conviesse para realizar um momento especial de conscientização e clamor pelos refugiados. Uma das regiões  que mais necessitam de intercessão é o Oriente médio – países como Síria e Egito, cujas minorias sofrem perseguição. Nestas nações milhares de pessoas  deixaram seus lares, famílias e trabalhos para escapar de repressão e também punição motivada não só pela postura religiosa cristã, mas também pelo seu posicionamento político, raça, etnia ou mesmo nacionalidade.

E não é só a oração a finalidade do Domingo Mundial do Refugiado. Além disso, o evento objetiva que a sociedade possa contribuir com ações relevantes junto às autoridades, para que elas utilizem de sua influência a fim de combater as ações de violência que ocasionam para a fuga de tantos refugiados.

Uma outra questão é o suporte aos que saem de suas regiões. De acordo com a Agência de Refugiados da Organização das Nações Unidas (ONU), apenas na Síria, o número de refugiados que atravessaram as fronteiras para outros países fugindo da guerra civil que assola a região alcançou cerca de 1,4 milhões de pessoas. Esse número ainda não inclui o alto índice de pessoas que morreram na fuga ou por más condições de vida.

Várias organizações como ANAJURE, que atuam em pareceria com a luta de entidades como a RLP , também estão unindo forças para apoiar e interceder junto às mais altas instâncias do poder público a fim de obter apoio para os refugiados.

Um exemplo desta atuação é a Declaração de Istambul, que expressou a preocupação com essas minorias. A Declaração foi elaborada no fim de março, no encontro anual da Religious Liberty  Partnership (RLP) em Istambul na Turquia. Com uma atuação específica, ANAJURE acabou conquistando o apoio de parte das autoridades no Brasil.

No site www.refugeehighway.net  podem ser encontrados informações e material para a participação. Cartazes de divulgação em mais de 10 idiomas, além de links com guias para professores, áudios e vídeos para meditação dos cristãos podem ser acessados, além de orientação e informações sobre a realidade vivida pelos refugiados.

 

ENTREVISTA

Abaixo, o Presidente da RLP, Brian O’Connel, responde algumas perguntas e esclarece vários pontos ligados à atual situação dos refugiados.

ANAJUREQual o principal objetivo da celebração do Domingo Mundial do Refugiado?

Brian O’Connell: O principal objetivo do Domingo Mundial do Refugiado é aumentar a conscientização dentro da igreja global quanto à situação de mais de 50 milhões de pessoas forçadamente desalojadas no mundo.  Nós queremos que a igreja traga encorajamento a eles através da oração, e desafie as congregações a ver esta como uma oportunidade para o ministério. Se estamos tratando de abrigar pessoas em mudança, ajudando refugiados no processo, ou envolvidos em reassentamento, virtualmente todo país ou cidade tem uma oportunidade. Além disso, queremos promover a colaboração e a parceria como estratégia para assisti-los. O desafio é muito grande e maior do que uma entidade é capaz de resolver. Mesmo as Nações Unidas reconhecem isto e tem pedido à comunidade da fé para trabalhar junto com eles neste problema.

AQuando surgiu a ideia de criar o Domingo Mundial do Refugiado?

BO: O Refugee Highway Partnership (RHP) veio da histórica junção de líderes evangélicos em Izmir, Turquia, em outubro de 2011. Era consenso no grupo de que necessitávamos trabalhar juntos para responder ao crescente desafio dos refugiados. A meta da parceria era criar um espaço para cooperação e catalisar a igreja para um maior envolvimento. Uma vez que nós solicitamos os recursos, o Domingo Mundial do Refugiado foi inicialmente lançado pela RHP em 2007. Nós o conectamos ao Dia das Nações Unidas do Refugiado (20 de junho) com os domingos anterior e posterior a esta data, servindo de oportunidades para a igreja fazer alguma coisa.

AO que chamou sua atenção para lutar por esta causa?

BO: Meu envolvimento inicial veio pela preocupação ao ver Cristãos sendo perseguidos ou forçados a deixar seu país. Nós queremos servir à família de Cristo. Embora isto seja apenas parte do desafio dos refugiados, a questão maior de como servirmos a todas estas pessoas – e fazer isto trabalhando juntos – chamou a minha atenção.

AQual o potencial da realização desse evento?

BO: O fato de nós termos tantas línguas envolvidas nos fez enxergar maior potencial. Países como Índia e China estão participando este ano pela primeira vez de forma concreta e isto tem sido muito encorajador. O Brasil também está envolvido este ano de uma forma mais efetiva – assim como as outras partes da América Latina. 

AComo a iniciativa resulta em ajuda aos refugiados?

BO: A RHP quer ajudar a igreja a entender sua responsabilidade bíblica para ajudar "a viúva e o órfão" neste mundo. Infelizmente, muitas pessoas vêem essas pessoas como uma ameaça, temendo que suas diferenças possam trazer potencial impacto econômico negativo. Em vez disso, como cristãos, queremos vê-los como Jesus os vê – pessoas com necessidades e capacidade, assim como nós! Muitos refugiados vêm de culturas e tradições que foram resistentes ao Evangelho. Porque eles estarem em tal necessidade, muitas vezes são muito mais abertos à mensagem do Evangelho do que eram anteriormente. Além disso, muitos refugiados são cristãos que vêm para as nossas comunidades com uma energia tremenda. Na realidade, eles podem nos ajudar, tanto quanto nós ajudá-los!

AComo Presidente da RHP, qual é a sua opinião sobre a principal dificuldade enfrentada pelos refugiados e seus defensores?

BO: Há tantos problemas e tantas coisas diferentes, na estrada dos refugiados, que identificar apenas um desafio é uma grande dificuldade. Um dos mais significativos seria apenas o incentivo que as pessoas precisam, quando são forçadas a deixar tudo para trás – sua terra natal, sua reputação, suas profissões, e às vezes sua família. Eles então, tem que enfrentar um futuro incerto e o desafio de entrar em uma nova cultura (se é que tem essa oportunidade).

Estamos aprendendo a trabalhar melhor em conjunto com aqueles que tentamos ajudar. Estamos aprendendo a colocar de lado nossas pequenas diferenças em relação a coisas como tradições teológicas e juntos, enfrentar os maiores desafios do nosso mundo, incluindo a questão dos refugiados. Trabalhar em conjunto é a estratégia que Jesus nos chama atenção em João 17 – todos unificados como o Corpo de Cristo!

 


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Por: ANAJURE – International Press Office l Angélica Brito

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