O advogado da única cristã paquistanesa a ser condenada a pena de morte por blasfêmia a visitou na prisão, relatando que ela está segura e com boa saúde. A apelação final para Aasiya Noreen, conhecida como Asia Bibi, está pendente na maior corte paquistanesa, depois da Alta Corte de Lahore derrubar sua apelação em outubro por razões técnicas. Mãe de cinco filhos, Asia Bibi continua na prisão desde o verão de 2009, quando foi presa por alegações de insultos ao profeta do Islã. O advogado Saif-ul-Malook contou ao World Watch Monitor que ele foi acompanhado pelo marido de Asia Bibi, Ashiq Masih, em sua visita no dia 21 na Prisão Feminina de Multan.
Através de Malook, um proeminente advogado e especialista na lei islâmica, Nareen foi permitida a fazer sua apelação final contra a pena de morte à Suprema Corte, em Islamabad no mês de Julho de 2015.
Malook falou ao World Watch Monitor que desde outubro várias agências estrangeiras de notícias, incluindo uma do Vaticano, contataram-no sobre notícias de que a saúde de Noreen estava piorando. "Depois disso, decidi visitar a prisão e encontrar pessoalmente Asia, para verificar se as notícias estavam corretas. Apenas a família do internado ou seu advogado podem visitar a cela, então eu e Ashiq fomos juntos vê-la. Presos na fila da morte ficam separados e trancados em uma cela de 8 por 10 pés, chamado de cela da morte", disse Malook.
Há três celas da morte nesta prisão e Asia é a única condenada por morte, então duas celas estão vazias. Foi-lhe dada uma servente, que fica fora da cela para qualquer ajuda, segundo o advogado. "Asia é, provavelmente, a única prisioneira no Paquistão que tem uma TV em sua cela. Ela parecia saudável e normal, mas mesmo assim perguntei se ela sofreu alguma enfermidade séria. Asia negou totalmente que ela sofreu alguma enfermidade séria desde 2009. Ela ficou feliz quando lhe falei que logo ela seria liberada."
Malook afirmou que o vice-superintendente de polícia também esteve presente durante seu encontro com Asia. "Não há homens na prisão, e uma polícia feminina extra está implantada fora da sua cela, para que sua segurança possa ser garantida", disse.
Masih confirmou ao World Watch Monitor que ele visitou sua esposa com Malook, e que nenhuma de suas filhas acompanharam-nos na visita. Ele pôde ver um 'vislumbre de esperança' no rosto de Asia.
O relato de Malook contrasta com as notícias que vieram à tona um ano atrás, afirmando que ela estava seriamente doente. Desde esse tempo, provas concretas ou testemunhos gravados têm sido escassos, e as informações que surgiram foram inconsistentes.
Em outubro de 2014, a Agence France-Press citou que um oficial não identificado do governo paquistanês disse: "Noreen estava vomitando sangue mês passado e tinha dificuldade para caminhar". AFP também falou que o distinto ativista cristão paquistanês Sardar Mushtaq Gill disse: "sua vida está em perigo por causa da sua saúde". A agência ainda citou que uma "fonte não identificada próxima à família da prisioneira" disse: "fomos informados que sua condição de saúde piorou mas ela está se recuperando agora".
Em Junho deste ano, notícias apareceram novamente afirmando que Noreen estava vomitando sangue e muito fraca para caminhar. Poucos relatórios tinham notícias de primeira mão ou informações originais. Muitas, incluindo uma de 30 de Junho, postada pela Dailymail.com do Reino Unido, forneceram como fonte uma notícia de um site chamado The Global Dispatch. O The Global Dispatch, por outro lado, informou uma única fonte: um site chamado MasLibres.org, que é publicado pela HatzeOir.org, uma organização sem fins lucrativos com sede em Madrid, que afirma ser voltada para a advocacia dos direitos humanos.
Embora MasLibres tenha devotado atenção significativa ao caso de Aasiya Noreen, o site atualmente não contém qualquer notícia de que Noreen está doente. O site acolhe uma visita de defesa para a Europa por Ashiq Masih.
De fato, em 22 de Outubro, o MasLibres publicou uma avaliação mais otimista depois de uma visita à Noreen por MasLibres publicada depois de uma visita à prisão para Noreen por Joseph Nadeem, diretor da Fundação de Educação Renaissance, em Lahore. Malook, o advogado, acompanhou Nadeem na visita, relatou MasLibres. (Não está claro se foi a visita de 21 de Outubro).
"Eles encontraram Asia com boa saúde e paz de espírito", relatou o artigo.
No entanto, também há indicações de que nem tudo está bem dentro da Prisão de Multan. A Open Doors International, uma instituição de caridade que apóia cristãos que estão sob pressão por causa da sua fé, disse este mês, que "pessoas próximas ao caso" informaram a contatos de igrejas no Paquistão que a prisão está superlotada, um "buraco no inferno" insalubre e que Nareen estaria com má saúde.
Malook também foi o advogado de acusação no caso de assassinato do ex-governador de Punjab, Salmaan Taseer, que foi assassinado depois de visitar Asia Bibi na prisão e apoiar seu caso. O governador chamou as leis de blasfêmias do Paquistão de "leis negras", clamando por sua reforma e pedindo o perdão presidencial para Asia Bibi.
Taseer foi alvejado e morto por Mumtaz Qadri, 26, membro de sua própria equipe de segurança, em Islamabad, capital do Paquistão, em 04 de Janeiro de 2011. Qadri atirou no governador 27 vezes sem ser interceptado por qualquer outro policial presente à cena do crime. Então ele largou sua sub-metralhadora AK-47, e declaradamente pediu para ser preso, para que pudesse explicar suas intenções ao punir Taseer por se opor à condenação de blasfêmia de Asia Bibi.
Por causa das ameaças de morte dos extremistas, nenhum advogado aceitou acusar Qadri. Depois de meses sem representação, Malook pegou o caso. Quando o juiz de primeira instância, Pervez Ali Shah, condenou Qadri à morte em Outubro de 2011, o juiz foi ameaçado e enviado à Arábia Saudita, por temer por sua vida.
No entanto, uma decisão histórica recente da Suprema Corte manteve a sentença que Qadri não tinha justificativa legal para tomar a lei em suas próprias mãos, confirmando sua sentença de morte. Esta foi a acusação corajosa de Malook no caso. Entretanto, foi este veredito que provocou a reação de extremistas contra Aasiya Noreen.
Malook disse que a audiência da Suprema Corte no caso de Nareen deve começar em janeiro ou fevereiro de 2016. Ele continua 'muito esperançoso' de que ela será absolvida e libertada. Alegando 'insuficiência de provas' contra ela, ele não encontrou fundamentos jurídicos suficientes contra ela sob qualquer direito civil ou islâmico.
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FONTE: World Watch Monitor
TRADUÇÃO: Gustavo Buriti l ANAJURE