Relatório internacional fala sobre Oriente Médio e impacto na região com a saída de cristãos

cross_518Campo de Refugiados perto da Igreja de St. Elia, em Erbil, Iraque. [Open Doors International]
 

Guerra e perseguição resultaram em uma grande quantidade de cristãos saindo do Oriente Médio, particularmente da Síria e do Iraque. Um novo relatório ressalta o que a região tem a perder se os cristãos continuarem a irem embora.


O relatório compilado por um trio de entidades cristãs de caridade junto a uma universidade [Open Doors, Middle East Concern, Served e University of East London] [Veja aqui em inglês] argumenta que cristãos são parte essencial da história e cultura do Oriente Médio e que eles continuam a contribuir poderosamente com a sociedade, particularmente nas áreas da educação, medicina, ciência e engenharia. Para eles, a saída dos cristãos do Oriente Médio também traz um impacto negativo sobre a economia da Síria e do Iraque, particularmente.
 

“No oriente médio, a igreja está sob pressão severa e cristãos enfrentam crescente marginalização, embora sua presença na região date de dois milênios atrás”, diz o relatório. “Muitos estão escolhendo ir embora em um desejo de assegurar um futuro mais certo para suas famílias, mas outros permanecem comprometidos para com seus países e suas casas. No entanto, cristãos na Síria e no Iraque continuam a contribuir para com suas sociedades em uma variedade de formas, incluindo educação, cultura e artes, questões sociais, política, economia, assistência humanitária e atividades religiosas."


Antes de 2011, cristãos sírios abrangiam por volta de 8 a 10% de uma população de 22 milhões, pontua o relatório, embora de 40 a 50% desses cristãos tenham saído desde então. Enquanto isso, havia aproximadamente 1.5 milhões de cristãos no Iraque antes de 2003, mas estima-se que agora esteja em torno de 200.000 a 500.000. 
 

“Aproximadamente de 30 a 35 milhões de cristãos ao redor do mundo são membros de família de igreja do oriente médio, mas só 15 milhões dessas moram no oriente médio. Enquanto há um alto nível de emigração, há também muitos cristãos comprometidos a permanecer em seus países”.


Por que os cristãos estão indo embora?

A pobreza vertiginosa é um dos muitos fatores encorajando a emigração. A crescente marginalização é outro aspecto. “Em muitos países, cristãos enfrentam marginalização, talvez na Síria e no Iraque essa tensão seja ainda mais forte”, diz o relatório. “Cristãos que emigram estão em vantagem comparados a outras minorias, porque estão sendo em sua maioria restabelecidos em comunidades onde o cristianismo é a fé dominante, e também pelo fato de haver fortes comunidades em diáspora prontas para recebê-los. Então, é menos provável que retornem para a Síria quando e se o conflito acabar."

O relatório diz que os cristãos na Síria e no Iraque geralmente gozam de liberdade de culto, mas que a crise atual tem mudado isso. “No atual cenário político cambiante, os poucos cristãos que ainda vivem em áreas sob controle do Estado Islâmico (ou de outros grupos radicais islâmicos), frequentemente têm que concordar em pagar uma jizyatax, um imposto religioso islâmico imposto a não muçulmanos, e enfrentam uma variedade de outras restrições acerca de construções de igrejas ou engagamento em atividades religiosas."

Ainda segundo o documento, no Iraque, os cristãos têm uma história antiga e têm sido livres para praticar sua fé e seus ritos, mas em regiões menos estáveis as comunidades cristãs são frequentemente alvos de ataques islâmicos extremistas, incluindo bombardeios a igrejas desde 2003 e tratamento brutal pelo Estado Islâmico.

Qual é o impacto?

“Uma preocupação comum sobre os efeitos de longo prazo do conflito da Síria  é que a atual diversidade da Síria se perderá”, diz o relatório. “Cristãos adicionam uma diversidade de perspectivas ao discurso público e, portanto, ajudam a encorajar o pensamento crítico na sociedade. Sem os cristãos, haveria pouco espaço no Iraque para a curiosidades e críticas intelectuais. Talvez o que distinga cristãos no Iraque seja seu alto nível de educação."

O relatório adiciona que muitos muçulmanos no Oriente Médio apreciam os cristãos como encorajadores do pensamento secular e liberal e dizem que a alta representatividade dos cristãos nas artes ou em círculos intelectuais pode ser atribuídas à educação relativamente liberal que possuem muitos cristãos. Alguns temem, portanto, que a perda da influência cristã na Síria poderia abrir espaço para o extremismo. “Há uma forte tendência entre várias facções rebeldes à islamização e a construção de uma sociedade predominantemente Sunni muçulmana, mas muitos sírios, incluindo membros da maioria muçulmana, não querem isso."

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Fonte: World Watch Monitor
Tradução: Camilly Regueira l ANAJURE

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