A cidade de Gao ficou bastante danificada durante o conflito no ano passado l MINUSMA / Marco Dormino / Flickr / Creative Commons
Cristãos em uma cidade ao norte de Mali, já obrigados a realizarem seus cultos em uma sala de aula porque sua igreja foi saqueada e não estava pronta para sediar reuniões, sofreram uma ameaça de bomba no dia 14 de janeiro.
Militares que patrulhavam a área em Gao no domingo de manhã descobriram explosivos perto da escola. O exército Francês foi capaz de neutralizar os dispositivos com segurança e as autoridades estão agora investigando, mas o incidente deixou os membros da igreja chocados.
O pastor da igreja, cuja identidade está sendo mantida em sigilo para proteger a sua segurança, disse ao World Watch Monitor que há "insegurança em todos os aspectos da vida" nesse momento, mas que a sua congregação estava se recusando a entrar em pânico.
"Eu não posso dizer com certeza que a bomba foi colocada com a intenção de ferir Cristãos", disse ele. "Eu só sei que a localização da bomba era bem próxima ao nosso local de adoração e que também é uma rota frequentemente usada pelos militares".
Faz pouco mais de um ano desde que as tropas Francesas derrubaram o grupo Islâmico liderado por Tuareg, que havia tomado o norte do Mali e declarado independência, objetivando impor a lei Islâmica em cidades como Gao.
Em 11 de janeiro do ano passado, as tropas Francesas moveram-se para retomar o controle da região após os militantes islâmicos tentaram avançar mais para o sul.
Por quase um ano, os grupos Islâmicos armados haviam governado a região, banindo a prática de outras religiões e profanando e saqueando igrejas e outros lugares de culto.
Milhares, incluindo muitos Cristãos, fugiram da ocupação e encontraram refúgio no sul do país ou em países vizinhos, como a Níger e Burkina Faso.
Após os Franceses terem ajudado as forças do Mali a retomar o controle da região, o restabelecimento da segurança levou algum tempo e exigiu uma reconstrução em massa, uma vez que muitas pessoas deslocadas voltaram para casa.
Uma série de edifícios públicos foram destruídos durante o conflito, incluindo escolas, postos de saúde, monumentos antigos, hotéis e restaurantes.
O pastor da igreja em Gao disse ao World Watch Monitor que cerca de 50 membros de sua congregação voltaram para casa nos últimos meses.
"Voltamos porque queremos reviver o testemunho de Cristo aqui na nossa cidade natal", disse ele. "Apesar da insegurança em todos os aspectos da vida, queremos que todos voltem aqui e juntos trabalhemos para o nosso Deus que nos ama tanto".
Mali caiu da 7ª para a 33ª posição na World Watch List de 2014, que classifica os 50 países onde praticar o Cristianismo é mais preocupante.
Após a intervenção militar Francesa no ano passado, "a ameaça de uma tomada Islâmica tem sido evitada, pelo menos temporariamente", relatou a World Watch List deste ano, que foi compilada pela organização Portas Abertas Internacional.
No entanto, a lista relata que a presença e infraestrutura do Cristianismo no norte foi amplamente destruída e que a reconstrução de uma presença Cristã será difícil, porque muitos Cristãos que fugiram do norte estão com medo de voltar.
"Mesmo que a maioria dos Cristãos de Mali (que representam menos de 5% da população) viva no sul do país, eles se sentem ameaçados por Islamistas no norte e temem novos vestígios de revolta", relata a lista.
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FONTE: WORLD WATCH MONITOR
TRADUÇÃO: ISABELA EMERICK