Turquia devolve menos da metade das terras de um monastério que haviam sido confiscadas

Mor Gabriel, de 1.600 anos, é sagrado para os Siríacos-Armênios

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O ministro Turco das relações com a União Europeia divulgou em 2 de março a devolução da propriedade confiscada pelo tesouro federal, do mais velho monastério Siríaco-Armênio do mundo, o Mor Gabriel.

Em fevereiro, o líder da Fundação Religiosa Mor Gabriel, Kuryakos Ergun, recebeu os títulos de propriedade para 12 lotes de terra, totalizando 244 mil metros quadrados, ou 60 hectares.

A propriedade devolvida é menos da metade da terra de que o monastério é dono desde 1935. O monastério, na província sudeste de Mardin, foi construído no ano de 397 e é considerado um local sagrado para os Siríacos-Armênios na Turquia e diáspora. 

A propriedade foi primeiramente contestada em 2008 quando o Ministério da Silvicultura, o Gabinete de Cadastro do Registro de Terras e três aldeias vizinhas processaram o monastério por supostamente “ocupar” suas terras, de acordo com o Hurriyet Daily News.

A acalorada disputa legal terminou em junho de 2012, quando a Suprema Corte de Apelações da Turquia confirmou a decisão de dar partes consideráveis do monastério para o Tesouro Turco e para o Ministério da Silvicultura.

O Primeiro-Ministro Turco Recep Tayip Erdogan anunciou em setembro do ano passado que o governo devolveria a terras para seus donos históricos como parte de um “pacote de democratização” do governo, de acordo com uma declaração emitida pelo Ministério Turco das Relações com a União Europeia. A decisão foi aprovada pela agência estatal para fundações.

Entretanto, o governo não devolveu o restante de 18 lotes de terra que medem 320 mil metros quadrados, ou 79 hectares. Aproximadamente 270 mil metros quadrados, ou 67 hectares, fora da propriedade em disputa estão nas mãos do Ministério da Silvicultura. O restante foi confiscado para o Tesouro Turco.

Isa Dogdu, chefe-adjunto da Fundação Religiosa Mor Gabriel, disse ao World Watch Monitor que a direção do monastério vai esperar que governo devolva todas as terras, mesmo com a declaração do Primeiro-Ministro de que todas as terras serão devolvidas, embora que seja uma batalha árdua convencer o governo a devolver as terras.

“Nós estamos felizes de receber as terras de volta, mas ficaremos mais felizes quando conseguirmos o resto da propriedade que pertence ao monastério”, disse Dogdu.“O que nos foi dado é menos da metade da propriedade em questão. As outras parcelas que estão na floresta ainda estão pendentes“.

Dois anos atrás, a fundação do monastério levou o caso para a Corte Europeia de Direitos Humanos, emEstrasburgo, França, o que chamou a atenção internacional e tornou-se um tópico para que a Turquia se filiasse a União Europeia.No Relatório do Progresso Turco da Comissão Europeia de 2013, foi apontado que a ausência de definição do governo sobre o assunto foi motivo de preocupação e pedido para que a Turquia "garanta o pleno respeito por todos os direitos de propriedade, incluindo os de comunidades religiosas não Muçulmanas".

“Os recentes passos tomados são um significativo progresso em termos de promover a fraternidade em nosso país e consolidar a democracia”, conforme declaração divulgada pelo ministro Turco das Relações com a União Europeia. “Nós esperamos que isso tenha um impacto positivo para o processo de admissão na União Europeia”.

A declaração do ministro ainda diz que não será como um favor, mas um direito reconhecido, que indica a sensibilidade do governo com reformas nas áreas de direitos humanos e minorias.

A propriedade do monastério foi confiscada seguindo ordens do Partido Justiça e Desenvolvimento, ou AKP.

Um membro do AKP, Süleyman Çelebi, disse que os Cristãos Siríacos-Ortodoxos nunca estiveram sob pressão, apesar do clamor deles, e que cada um que emigrou da Turquia nas décadas passadas foi “com alegria”.

Pobreza, e violência entre os grupos étnicos de Turco e Curdos, tem sido a causa de muito Siríacos deixarem Turabdin, onde o monastério está localizado. Há, agora, 2.500 Siríacos em Turabdin, comparados aos cerca de 50.000 em 1950, de acordo com a Reuters.

A violência sectária na vizinha Síria tem feito com que muitos Siríacos-Ortodoxos da Síria se mudem para a Turquia e muitos deles encontraram refúgio temporário,onde eles podem praticar a religião deles.

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FONTE: Word Watch Monitor
TRADUÇÃO: Tércyo Dutra l ANAJURE

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